quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

26/01/2012

Bancários promovem oficina sobre sistema financeiro nesta sexta no FST

Crédito: Contraf-CUT
Contraf-CUT A Contraf-CUT promove em parceria com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Fetrafi-RS e CUT-RS a oficina "Outro Sistema Financeiro é Preciso", nesta sexta-feira (27), às 14h, dentro da programação do Fórum Social Temático (FST) 2012. O evento ocorre no auditório da Casa dos Bancários (Rua General Câmara, 424), no centro da capital gaúcha.

A oficina vai tratar da crise internacional e da necessidade de regulamentação do sistema financeiro. A participação é aberta a todos os interessados.


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aqui para acessar o site do Fórum Social Temático 2012.

"Queremos contribuir com as discussões sobre a crise capitalista, que é um dos temas do FST, mostrando os efeitos nefastos da falta de regulação do sistema financeiro em todo mundo", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Defendemos a realização de uma Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, a exemplo das conferências já realizadas sobre saúde, educação, comunicação e segurança pública, a fim de que a sociedade seja ouvida sobre o papel, o crédito e a atuação dos bancos no Brasil", destaca.


Palestra com professora Maria Alejandra


Haverá palestra da professora Maria Alejandra Madi, que é economista (USP) e doutora em Economia (Unicamp). Ela atua no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas nas áreas de Macroeconomia, Finanças e Desenvolvimento Econômico desde 1983. É atualmente vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil.


Também atuou recentemente como professora visitante na Universidade de Manitoba (Canadá) e na Universidade de Kassel (Alemanha). Écoordenadora do Curso de Especialização em Economia Financeira, da Unicamp. Desenvolve pesquisas no Centro de Estudos de Trabalho e Sindicalismo (CESIT).


Desde 1990, Maria Alejandra vem participando de oficinas, congressos e fóruns nacionais e internacionais promovidos pela Contraf-CUT, sindicatos, redes e centrais sindicais. Tem artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior abordando a regulação e dinâmica dos sistemas bancários, assim como os impactos das transformações estruturais do sistema financeiro na economia e na sociedade brasileira.


Clique
aqui para ler o artigo da professora sobre o sistema financeiro.

"A regulação dos sistemas financeiros situa-se no centro dos debates econômicos contemporâneos na medida em que as exigências de capitalização derivadas dos Acordos de Basiléia não foram suficientes para evitar a crise financeira global", destaca a professora.


"O esforço de mitigar o impacto das tensões desestabilizadoras da dinâmica financeira sobre a sociedade requer repensar o perfil de atuação do Banco Central, o escopo da regulamentação prudencial e de proteção, além do papel dos bancos públicos", defende.


Fonte: Contraf-CUT
23/01/2012

Contraf-CUT completa 6 anos construindo unidade e mobilização nesta quinta-feira
  
Crédito: Contraf-CUT
 Momento histórico: 1ª Congresso da Contraf-CUT, em Nazaré Paulista

A Contraf-CUT completa nesta quinta-feira, dia 26, seis anos de história com muitas lutas e conquistas para os trabalhadores do ramo financeiro. Uma história marcada pela construção da unidade nacional e da mobilização da categoria.

A entidade, com sede no centro de São Paulo, foi fundada em 26 de janeiro de 2006, durante uma assembleia histórica realizada em Curitiba. Mas a história da Contraf-CUT começou muito antes disso.

Uma história que vem de longe

As origens da confederação, que representa mais de 90% dos cerca de 480 mil bancários de todo país, se encontram na organização do Departamento Nacional de Bancários (DNB-CUT), a partir de 1985, quando aconteceu uma das maiores greves dos bancários no Brasil. Naquele ano, três sindicatos filiados à CUT (São Paulo, Porto Alegre e Londrina) formaram uma comissão que deu os primeiros passos.

O 1º Congresso do DNB-CUT ocorreu em 3, 4 e 5 de junho de 1989. A primeira diretoria eleita foi encabeçada por Ricardo Berzoini, atual deputado federal do PT de São Paulo e ex-presidente do Sindicato de São Paulo. O 2º Congresso foi realizado de 24 a 26 de agosto de 1990, onde foi aberto o debate de transformar o DNB em Federação Nacional ou Confederação.

O 3º Congresso do DNB-CUT aconteceu de 27 a 29 de março de 1992, onde foi aprovada a transformação do DNB em Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT). Berzoini é eleito o primeiro presidente. Naquele ano, a entidade recém-criada assinou, junto com 120 sindicatos e sete federações, a primeira convenção coletiva nacional de trabalho, que completa 20 anos em 2012.

Seis anos de protagonismo

O primeiro presidente da Contraf-CUT, eleito no ato de fundação, foi Luiz Cláudio Marcolino, que na época presidia o Sindicato de São Paulo e hoje é deputado estadual do PT de São Paulo.

O 1º Congresso da Contraf-CUT foi realizado em 25 de abril de 2006, em Nazaré Paulista. Vagner Freitas, atual secretário de finanças da CUT, foi eleito presidente, com mandato de três anos.

A atual direção foi eleita no 2º Congresso da Contraf-CUT, ocorrido em 14 e 15 de abril de 2009, em São Paulo. Carlos Cordeiro foi eleito presidente para a gestão 2009-2012.

Muitas lutas e conquistas

Ao longo desses seis anos, a Contraf-CUT fortaleceu a unidade nacional dos bancários e esteve à frente de todas as campanhas salariais, coordenando o Comando Nacional dos Bancários e consolidando a convenção coletiva nacional de trabalho, que completa 20 anos em 2012, válida para funcionários de bancos públicos e privados de todo país.

Com a força da mobilização, os bancários concretizaram sonhos e ampliaram conquistas. Em 2011, os trabalhadores arrancaram aumento real pelo oitavo ano consecutivo, elevação dos pisos e melhoria na participação dos lucros, além de importantes avanços sociais.

"Apesar das vitórias, os desafios ainda são imensos, como o emprego decente, condições dignas de saúde, segurança e trabalho, igualdade de oportunidades, regulamentação do sistema financeiro e inclusão bancária sem precarização e sem exclusão", destaca Carlos Cordeiro.

Referência mundial

A Contraf-CUT é também referência internacional para os trabalhadores de todo mundo. É filiada à UNI Global Union, o sindicato mundial que representa cerca de dois milhões de trabalhadores da área de serviços. Carlos Cordeiro é o atual presidente da UNI Américas Finanças, que organiza os bancários do continente americano.

A entidade participa da organização de redes sindicais dos bancos internacionais, buscando a construção de acordos marcos globais para garantir direitos básicos para os trabalhadores de todo mundo. Com a atuação decisiva da Contraf-CUT, foi assinado, em 2011, o primeiro acordo marco entre a UNI e o Banco do Brasil.

Fonte: Contraf-CUT

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Marcha de abertura do FST 2012 levou 20 mil às ruas de Porto Alegre

Publicado em 25/01/2012
 
O forte calor e a chuva que caiu na tarde de terça-feira, 24, não atrapalhou a marcha de abertura do Fórum Social Temático 2012 – “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental” que reuniu mais de 20 mil pessoas nas ruas do centro de Porto Alegre.
A marcha foi considerada um sucesso pela comissão organizadora do evento e mais uma vez, mostrou que o Fórum é um espaço da pluralidade, reunindo os mais diversos movimentos sociais do Brasil e do mundo.
A delegação da CUT ressaltava a necessidade de construir um novo processo de desenvolvimento onde o trabalho decente e a reforma agrária sejam os pilares de sustentação.

Durante todo o trajeto, os dirigentes Cutistas alertavam para a necessidade de debater mecanismos que tornem um novo mundo possível, o que passa pelo enfrentamento a crise gerada pelo capitalismo e seus danos para a sociedade e principalmente, o meio ambiente.
Diversos teatros que criticavam a mudança no Código Florestal Brasileiro foram encenados. Essa edição do FST é uma etapa preparatória a Cúpula dos Povos na Rio+20.
Como um espaço aberto e plural, a programação do Fórum é fundamentalmente constituída por atividades propostas e geridas por movimentos, coletivos e organizações da sociedade civil, relacionadas ao tema do evento.
O governador Tarso Genro, o presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, o ex-governador, Olívio Dutra, os prefeitos das cidades que sediam as atividades do FST e diversos secretários estaduais acompanharam a Marcha.

Para o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, a Marcha superou as expectativas. “Nem a chuva atrapalhou, conseguimos unir os movimentos e dialogar com a sociedade. Com certeza teremos um grande Fórum Social”, afirmou.
A caminhada iniciou no largo Glênio Peres e seguiu até o anfiteatro Pôr do Sol, onde aconteceram os shows de abertura do FST 2012.
O FST acontece até o dia 29 de janeiro de 2012 e tem atividades em Porto Alegre e nas cidades da região Metropolitana: Gravataí, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo.

Texto e fotos: Renata Machado - CUT/RS

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

23/01/2012

Economista do Dieese avalia crise e defende regulação do sistema financeiro

A ameaça de que a quebra do sistema financeiro resultaria em uma crise sistêmica provocou um efeito perverso: a socialização dos prejuízos dos bancos com a população dos países que aplicam as chamadas medidas de austeridade. A avaliação é do economista do Dieese, Adhemar Mineiro, em entrevista concedida por telefone ao site Sul21. Ele defende a necessidade de regulação do sistema financeiro.

"A crise se inicia do lado privado e os mecanismos de salvamento nada mais foram que a socialização destes prejuízos", disse ele. "Este espantalho do pior dos mundos acabou empurrando as alternativas para estes programas de salvamento dos bancos, que hoje mostram que sobre-endividaram os países e levaram a esta situação insustentável", explica o pesquisador.


Na avaliação de Mineiro, a receita de garantir volumosos subsídios para as instituições bancárias e diminuir gastos sociais vai estender e agravar a crise na União Europeia. "No fundo, o mundo financeiro tem mostrado que permanece com o poder de tentar defender seus interesses em detrimento do restante dos setores, especialmente para os trabalhadores", analisa o economista.


Sul 21 - O senhor avalia que vivemos uma crise estrutural do capitalismo ou é mais uma crise cíclica que ocorre de tempos em tempos? Que projeção se pode fazer diante desse quadro?


Adhemar Mineiro -
Ela tem o componente das duas coisas. Ela é cíclica, mas também é uma crise de esgotamento da maneira de funcionar do capitalismo. Tem esse componente que é a impossibilidade de seguir esse processo que, de um lado, é de valorização muito grande da riqueza financeira a ritmo maior que o crescimento efetivo da riqueza real e, de outro lado, o sobre-endividamento das famílias e dos Estados nacionais que, digamos, era a contrapartida dessa especulação financeira.

Sul21 - O baixo crescimento econômico e os índices históricos de desemprego na União Europeia e nos Estados Unidos são uma demonstração disso?


Adhemar Mineiro -
É, a crise bateu mais forte exatamente no centro do capitalismo. Por isso o componente mais estrutural dessa crise. A gente teve um série de crises dentro desse modelo de hegemonia do mundo financeiro desde os anos 1990, por exemplo, a crise asiática nos anos 1990, a crise entre Brasil e Argentina e a crise das empresas .com nos Estados Unidos.

Todos são exemplos de crises recorrentes desse modo de funcionamento do capitalismo. Só que ele sempre voltava, conseguia se recompor e voltava a operar mantendo os mecanismos de valorização financeira e os mecanismos de endividamento. A partir de 2006 e 2007 isso ficou cada vez mais difícil, surgiu esta crise de 2008 e é no bojo dessa crise que nós ainda continuamos.


Sul21 - E essa receita seguida pela Comissão Europeia de conceder volumosos subsídios para os bancos e cortes de gastos nas áreas sociais é uma alternativa acertada? Como o senhor avalia isso?


Adhemar Mineiro -
Isso vai estender e agravar a crise na União Europeia. No fundo, o mundo financeiro tem mostrado que permanece com o poder de tentar defender seus interesses em detrimento do restante dos setores, especialmente para a maior parte da população, dos trabalhadores. Os dados do início da crise, até 2007, por exemplo, indicam que países como Espanha ou Irlanda, que agora estão no olho do furacão, não tinham problema de dívida e não tinha problema fiscal. A Irlanda recorrentemente reduzia sua dívida e a Espanha também tinha superávit fiscal, uma situação muito mais sólida que a Alemanha. Na verdade essa questão fiscal e da dívida não está na origem da crise.

Sul21 - O que estaria na origem?


Adhemar Mineiro -
Exatamente o processo de esgotamento da capacidade dos bancos e dos agentes financeiros de seguirem valorizando financeiramente a riqueza. A quebra desses mecanismos a partir de todas as relações de débito e crédito entre os agentes financeiros acaba atingindo fortemente o mercado financeiro europeu e é nos programas de salvamento dos bancos e do mundo financeiro que estes estados nacionais europeus entram em crise. Eles não tinham crise antes e exatamente na tentativa de salvar seus sistemas financeiros estes estados se sobre-endividam.

Por outro lado, o próprio sistema financeiro aproveita essa situação para exigir taxas de riscos maiores nos países, o que agrava ainda mais capacidade de gerenciar as suas dívidas e o impacto disso no orçamento público. O que é hoje um problema fiscal, na verdade, é decorrente da própria situação dos bancos. A crise se inicia do lado privado e os mecanismos de salvamento nada mais foram que socializar estes prejuízos para os pagadores de impostos em geral, a população, sob a tal ameaça de que se deixasse quebrar o sistema financeiro entraria numa crise sistêmica. Este espantalho do pior dos mundos na verdade acaba empurrando as alternativas nacionais para estes programas de salvamento dos bancos, que hoje mostram que sobre-endividaram os países e levaram a esta situação insustentável.


Sul21 - Por que é necessária uma regulamentação mais forte do sistema financeiro para evitar um aprofundamento da crise?


Adhemar Mineiro -
Porque na raiz desse processo especulativo tem uma desregulamentação que se iniciou no final dos anos 1970 e se acelerou nos governos liberais na Europa e nos Estados Unidos, particularmente Margaret Thatcher e Ronald Reagan, governos que foram adotando este tipo de matriz que foram pouco a pouco desfazendo mecanismos de regulação que se estabeleceram desde a crise dos anos 1930, que também foi uma crise de excesso de liberação. A experiência com esta crise levou, já na segunda metade dos anos 1930 e fortemente depois da 2ª Guerra Mundial, os países a adotarem uma série de medidas de regulação para evitar a repetição desta crise financeira.
A lembrança que as pessoas têm mais forte é a crise da bolsa de Nova York de 1929, que foi uma crise de longo curso, resultado da especulação. Em função dela foram estabelecidos mecanismos que vigoraram e levaram a anos de ouro no capitalismo, nos anos 1950 e 1960, com forte crescimento, distribuição de renda nos principais países, com sistemas financeiros operando para agilizar a economia produtiva. Esses mecanismos de regulação, a partir do fim dos anos 1970, início dos anos 1980, foram desmontados progressivamente - o que se somou a novas tecnologias que permitem, por exemplo, operar 24 horas por dia através de rede de comunicação entre computadores.

A bolsa de valores está fechando aqui no Brasil e está abrindo em outro lugar. Tudo isso foi gerando esse ambiente que permite a reprodução ampliada desse capital financeiro, com a força política que estes agentes vão tomando para impor mais e mais liberalização. Então é por isso que se fala que a saída da crise passa por restabelecer os mecanismos de regulação que existiam, digamos, até o final dos anos 1970. Não é fácil hoje, porque a regulação anterior era muito na esfera nacional e hoje os mecanismos financeiros estão muito mais internacionalizados. Além do restabelecimento da regulação anterior, teria que criar novas regulações que funcionassem em escala internacional que pudessem exatamente controlar o capital que se movimenta pelo mundo todo.


Sul21 - E está tendo algum movimento para garantir uma regulação internacional do mundo financeiro?


Adhemar Mineiro -
Toda a discussão que está se fazendo sobre taxa, sobre transações financeiras, que era conhecida como taxa Toben, na verdade é uma sugestão de um novo mecanismo que poderia ajudar este processo de regulação dos movimentos internacionais de capitais e que seria já neste novo padrão.

O G20 desde suas primeiras reuniões discute algumas medidas neste sentido: controle de paraísos fiscais, dar mais poder regulatório ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao Comitê de estabilidade financeira, ao comitê da Basiléia. Enfim, tem toda uma discussão de como criar essa nova regulação e de fato muita pouca coisa concreta avançou. Mesmo o controle dos chamados paraísos financeiros, que era consenso nas primeiras reuniões do G20, nem isso foi implementado. As primeiras reuniões foram no final de 2008 com a explosão da crise e esse tema era consenso e mesmo assim não saiu do papel.


Sul21 - Como a desvalorização do dólar tem impacto na industrialização brasileira?


Adhemar Mineiro -
Aqui tem outro mecanismo, que é a desregulação financeira no Brasil. Esse processo ocorre desde a segunda fase do governo Collor, em 1992, quando se desmontou uma série de mecanismos de controle e acabou permitindo a saída e entrada livre de movimentos de capital. Isso, nos momentos de saída, foi responsável por algumas crises, em 1998 e 2002, mas na maior parte do tempo levou a uma entrada maior de capital, buscando se aproveitar da rentabilidade financeira que é oferecida com taxas de juros muito altas.

Essa entrada de capitais acaba forçando a desvalorização do dólar e uma valorização do real e isso tem impactado fortemente o setor produtivo, num quadro que também teve liberalização financeira nos anos 1990, teve uma série de rebaixamento de tarifas prometidos por exemplo, no nível da Organização Mundial do Comércio (OMC). Felizmente não entramos nesse acordo da ALCA, porque se tivéssemos entrado nossa situação seria ainda pior. E essa valorização do real dificulta tanto a situação das empresas exportadoras brasileiras quanto as empresas que aqui dentro competem com os produtos importados.


Esse efeito já tem acontecido em vários momentos desde o início do plano real. Ao longo da cadeia produtiva vários setores sofrem impacto. Desde setores de tecnologias mais baixa, área de móveis, têxteis, sapatos, mas no período mais recente tem ido para áreas de tecnologias de ponta e de bens de capital, que são as máquinas para produzir maquinas.


Sul21 - Investir em modelos de integração como Mercosul, Alba e Unasul tem sido uma estratégia eficaz? Um contraponto?


Adhemar Mineiro -
Os processos de integração são uma estratégia interessante neste momento porque permitiriam aos países da América do Sul, que têm situação mais tranquila, apostar num sistema de produção e consumo menos dependente deste cenário externo, que é um cenário de mais crise. Tem um impulso para caminhar neste sentido, mas não é fácil, especialmente quando se olha para os países e se vê que uma parte importante do desempenho produtivo desses países está voltado para exportação justamente para esses mercados internacionais.

A América do Sul se especializou muito fortemente nos últimos quinze anos na exportação de commodities agrícolas, minerais ou energética. Mesmo países da área da alternativa bolivariana, a ALBA, que contestam mais fortemente o esquema, são fortes exportadores de petróleo, de commodities energéticas. A Argentina, que também expressa muitas críticas ao sistema, é um gigantesco exportador de soja. Fora países que, digamos, são mais simpáticos a essa integração internacional, no caso do Peru e Chile, que têm se especializado na exportação de commodities minerais. Isso dá um tom das dificuldades que tem esse processo de integração.


Agora, eu acho que os países tem que apostar nisso (integração). É uma alternativa boa, face ao quadro internacional. O que é necessário hoje é um direcionamento mais político, políticas de integração de como se encaminha a integração das cadeias produtivas na região. Não adianta pensar que só os países mais desenvolvidos dentro da região vão garantir o suprimento de produtos industrializados. Pode ser que os países não topem esse esquema do Brasil exportar industrializados para a região, o que significa desindustrializá-los também. Teria que pensar em como disseminar as cadeias produtivas que hoje estão concentradas em alguns países, especialmente no Brasil.


Sul21 - O Brasil acerta ao fazer uma política econômica voltada para a relação Sul-Sul, privilegiando países da África e da Ásia, por exemplo?


Adhemar Mineiro -
A diversificação é uma política positiva. Agora, tem que tomar cuidado quando se fala nessa questão Sul-Sul, especialmente quando se olha para os números do comércio. Há uma relação comercial com a China que nos últimos anos é digamos análoga a que se tem com a Europa. É uma relação tão desigual quanto que se tem com a Europa e com o Japão, outro país da Ásia. Se deve analisar o peso da China, que acaba reproduzindo a mesma relação com a Europa, Japão, Coreia, com países desse tipo de desenvolvimento. Mas a diversificação, a aposta que se pode fazer dos mercados do Sul, é importante e uma alternativa boa nesse momento.

Sul21 - O modelo de agroexportação pode ser afetado no caso dessa crise se espalhar para China, por exemplo? Que impacto teria?


Adhemar Mineiro -
O modelo exportador é sempre perigoso, porque deixa o país na dependência dos mercados externos e não se sabe o que vai acontecer. Existem elementos econômicos e elementos geopolíticos que podem impactar. Num momento como esse, o ideal é contar com o seu mercado interno e esse tem sido o ponto forte em países como o Brasil que tem esse potencial, tem crescido inclusive com as políticas internas de distribuição de renda, aumento de salário mínimo.

E nesse processo político é importante a integração regional, porque garante mais governabilidade pela proximidade com países mais similares do quais tem maior tradição de relação e negociação. Estas alternativas seriam as de menor risco. Quanto mais longe colocar seus horizontes, mais estará aumentando seu risco nesse momento de crise internacional e quanto maior a dependência do mercado externo também maior o risco.


Sul21 - Conquistas dos trabalhadores com valorização do salário mínimo nos últimos anos, como a valorização do salário mínimo, podem estar em risco diante desse quadro de crise?


Adhemar Mineiro -
Espero que não, até porque essa foi nossa saída em relação à crise de 2008. A aposta forte no mercado interno, seja com valorização de salário mínimo, seja com crédito ao consumo popular, programas de transferência de renda e investimentos públicos em infra-estrutura foram o que garantiram voltar a crescer em 2010 fortemente. Essa é a melhor vacina frente à possibilidade de crise internacional.

Contar com o mercado interno com motor de crescimento é uma saída importante e deste ponto de vista o que é a nossa fraqueza, o fato de ter uma renda concentrada, o fato de que a infra-estrutura é muito ruim, etc pode ser exatamente o nosso potencial de crescer distribuindo renda. Cada real que você dá para o trabalhador mais pobre vira consumo imediatamente, esse trabalhador não tem a opção de poupar. Então você ativa a economia por aí com toda a montagem, reciclagem e melhoria da estrutura brasileira, seja de saneamento, habitação, transporte. Tudo isso cria um ambiente que são necessários investimentos que podem potencializar o crescimento.


Sul21 - E a oferta e expansão de crédito com taxas de juros muito altas podem representar problema para população brasileira?


Adhemar Mineiro - Está mais relacionado com o fato de que ainda se opera com taxas de juros muito altas, e essas sim podem sufocar os consumidores. Porque os níveis de endividamento no Brasil ainda são menores do que se tem nos principais países do mundo. Em vários países é o total da renda, em alguns é mais do que o total da renda.


Na verdade o capitalismo sempre cresceu expandindo crédito: se for esperar poupar do seu salário para comprar um casa, um carro, não compra nunca, a não ser os muito ricos. Para as empresas a mesma coisa, se for esperar acumular lucros para montar o investimento necessário para uma nova fábrica, também não vai conseguir. Crédito sempre foi o grande motor do capitalismo, partindo inclusive do primeiro crédito que é dado pelo trabalhador a empresa, ele trabalha um mês até receber o seu salário. Esse sempre foi um mecanismo de funcionamento do sistema.


O que complica no caso brasileiro são os juros e spreads bancários muito altos, que às vezes tornam as dividas muito pesadas. Até o momento se contornou isso. Parece que o consumidor brasileiro é mais sensível ao prazo do pagamento, se a parcela vai caber dentro do seu orçamento do que tentar visualizar o montante de juros que está pagando. Agora evidentemente isso tem fôlego curto: no momento seguinte os juros têm que cair.


Sul21 - A tendência é de redução de juros?


Adhemar Mineiro -
Essa é uma boa discussão. O Ministério da Fazenda aposta nisso, mas o Banco Central (BC) está dizendo que não se deve contar com isso, que o processo de reduzir taxas de juros tem muitos limites. Essa é uma questão que teremos que discutir como um todo, não só a taxa básica do BC, mas também os spreads cobradas pelos bancos privados que fazem com que os juros do cartão de crédito sejam altos. Por exemplo, em um mês se paga a Taxa Selic de um ano.

E isso mina a capacidade de continuar expandindo crédito e inclusive do sistema bancário privado de financiar investimento. Na verdade, o investimento brasileiro é financiado pelas próprias empresas ou pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Essa é uma discussão importante que tem que se fazer, de como se reforma o sistema financeiro de modo que as taxas de juros caiam. E não é uma discussão simples.


Sul21 - E pra finalizar, essa é uma crise da dívida pública na Europa. Em que patamar esta o endividamento brasileiro?


Adhemar Mineiro -
No Brasil, a dívida pública tem até caído. O Banco Central, já há alguns anos, tem feito uma política aparentemente bastante consistente de reduzir a dívida pública, em proporção ao PIB, inclusive mais que o crescimento do PIB, e alterar o perfil da dívida pública, desvinculando de moeda estrangeira e tentando reduzir aplicações de baixo e curto prazo.

O grande problema é que, se não muda os mecanismos da liberalização financeira e dessa possibilidade de que os capitais internacionais especulem contra o país, essa situação de redução da dívida pública não é uma garantia em nenhum momento. Um exemplo é a Irlanda, que vinha num processo de redução de uma dívida que era em torno de 100% do PIB e essa dívida caiu a 30% do PIB em 2007. Em 2008, 2009, depois dos programas de salvamento, depois de um ano, voltou para dívida de 100% do PIB.


Então, a redução proporcional da dívida pública em relação ao PIB por si só não garante nada. Porque por conta da não regulação os países continuam expostos, como é o caso do Brasil, a uma vulnerabilidade externa grande. Um exemplo disso é que o movimento da primeira semana do ano, nos primeiros dez dias de 2012, apresentou uma saída de dólares de quase U$ 800 milhões. Isso provavelmente é dinheiro que está saindo dos fundos de aplicação das empresas aqui para tentar salvar suas matrizes na Europa. Enquanto não discutir e mudar os mecanismos da liberação financeira, isso vai continuar exposto.


Apesar de que, se olhar hoje para a dívida e o déficit está sob controle, o déficit público brasileiro é menor do que na Alemanha, o nível de reservas está alto como nunca esteve na história. Cada indicador isoladamente é verdadeiro. Obviamente se está numa situação geral mais confortável do que esteve em vários outros momentos da história, mas isso não garante que face a uma crise de grandes proporções, uma nova crise aguda como teve em 2008, esses elementos da liberalização e da vulnerabilidade externa não possam fazer com que o país seja fortemente afetado pela crise apesar de estar em uma situação mais confortável.


Fonte: Contraf-CUT com Sul21
23/01/2012

Marcha abre Fórum Social Temático 2012 nesta terça em Porto Alegre

 
Com a Marcha de Abertura, começa nesta terça-feira (24), às 17 horas, em Porto Alegre, o Fórum Social Temático (FST) 2012, ligado ao Fórum Social Mundial (FSM). Com o tema Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental, o FST se estende até domingo (29) com mais de 1.000 atividades na capital gaúcha, Canoas, São Leopoldo e Novo Hambugo.

O trajeto da marcha pelas ruas da cidade repetirá edições anteriores do FSM. A passeata passará pelas avenidas Borges de Medeiros e Ipiranga, seguindo até o Anfiteatro Por-doSol, às margens do Rio Guaíba.


O FST deverá ser uma prévia da Cúpula dos Povos, encontro de movimentos sociais paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho.


Clique
aqui para acessar o site do FST 2012.

Porto Alegre deve receber cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativas da organização. Desde 2010, as atividades do FSM acontecem de forma descentralizada nos anos pares e centralizadas em anos ímpares. Além do FST em Porto Alegre, mais 25 eventos devem compor a agenda do FSM em 2012, de acordo com o coordenador do comitê organizador do FST, Mauri Cruz.


"Serão atividades espalhadas pelo mundo, em todos os continentes. E a expectativa é que a edição centralizada de 2013 seja em um país da Europa, que sempre teve participação ativa no processo, mas nunca sediou um fórum", adiantou.


Organizado por movimentos sociais e organizações da sociedade civil, o FST deverá ser palco de discussões sobre a crise financeira e do atual modelo de desenvolvimento econômico em contraponto a alternativas de crescimento mais sustentável. O foco será a Rio+20, na tentativa de influenciar os resultados da conferência, com a apresentação de propostas alternativas às que serão levadas pelos governos.


"Nossa preocupação é que a chamada economia verde [proposta central da Rio+20] seja apenas um novo rótulo para um mesmo modelo de desenvolvimento, com concentração de riqueza, centrado no consumo, que não distribui renda. Para nós, debater a Rio+20, é debater a crise capitalista", avaliou Cruz.


Apesar do caráter "não governamental e não partidário" dos eventos ligados ao FSM, definido em sua Carta de Princípios, a reunião também deve atrair lideranças políticas, como o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. A presidenta Dilma Rousseff deve ir a Porto Alegre na quinta-feira (26) para participar de um diálogo com a sociedade civil e pelo menos sete ministros do governo estarão em eventos do FST ao longo da semana.


A extensa programação do FST inclui debates, oficinas, exposições e apresentações culturais, na maioria atividades autogestionadas, organizadas por movimentos sociais, centrais sindicais e organizações não governamentais, com destaque para a crise do capitalismo.


Entre os nomes confirmados para o megaevento, estão figuras conhecidas do FSM, como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e o jornalista e escritor espanhol Ignacio Ramonet. Também devem marcar presença ativistas de movimentos sociais, como a Primavera Árabe, as manifestações estudantis chilenas, o Occupy Wall Street e os indignados da Espanha.


Contraf-CUT presente no FST


A Contraf-CUT promove em parceria com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Fetrafi-RS e CUT-RS dois eventos durante o FST. Um ocorre na sexta-feira (27), às 14h, acerca da crise internacional e da regulamentação do sistema financeiro. O outro acontece nesta quarta-feira (25), às 16h30, sobre a privataria tucana no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.


Os debates serão realizados no auditório da Casa dos Bancários, na Rua General Câmara, 424, no centro de Porto Alegre. A participação é aberta a todos os interessados.


"Com essas duas atividades, vamos contribuir com as discussões sobre a crise capitalista, mostrando os efeitos nefastos da falta de regulação do sistema financeiro. Também vamos resgatar o processo de privatizações no governo tucano, que saciou o apetite dos banqueiros com a entrega de vários bancos públicos, como o Banespa, Banerj, Bemge, Banestado e Meridional, dentre outros", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


"Ao mesmo tempo, vamos apontar a necessidade de regulamentar o sistema financeiro, de modo que atenda aos interesses da sociedade, e reforçar a luta pela instalação da CPI da Privataria na Câmara dos Deputados, cujo requerimento já foi protocolado e deverá ser analisado após o recesso, no início de fevereiro", salienta o dirigente sindical.


Regulamentação do Sistema Financeiro


A oficina contará com palestra da professora Maria Alejandra Madi, economista (USP) e doutora em Economia (Unicamp). Ela atua no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas nas áreas de Macroeconomia, Finanças e Desenvolvimento Econômico desde 1983. É atualmente é vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil.


Desde 1990, Maria Alejandra vem participando de oficinas, congressos e fóruns nacionais e internacionais promovidos pela Contraf-CUT, sindicatos, redes e centrais sindicais. Tem artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior abordando a regulação e dinâmica dos sistemas bancários, assim como os impactos das transformações estruturais do sistema financeiro na economia e na sociedade brasileira.


"A regulação dos sistemas financeiros situa-se no centro dos debates econômicos contemporâneos na medida em que as exigências de capitalização derivadas dos Acordos de Basiléia não foram suficientes para evitar a crise financeira global", destaca a professora.


"O esforço de mitigar o impacto das tensões desestabilizadoras da dinâmica financeira sobre a sociedade requer repensar o perfil de atuação do Banco Central, o escopo da regulamentação prudencial e de proteção, além do papel dos bancos públicos", defende.


Privataria tucana


As entidades promoverão o lançamento no Rio Grande do Sul do livro "A Privataria Tucana", com a presença do autor, jornalista Amaury Ribeiro Jr. Trata-se do livro de não ficção mais vendido no país há algumas semanas, fato que até a revista Veja não pode esconder.


Em 344 páginas, Amaury conta com detalhes e comprova com documentos e indícios de um esquema bilionário de fraudes no processo de privatização de estatais na década de 1990. José Serra era o ministro do Planejamento, gestor do processo.


O jornalista acusa o ex-caixa de campanha do PSDB e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, de ter atuado como "artesão" da construção de consórcios de privatização em troca de propinas.

 

Fonte: Contraf-CUT

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

20/01/2012

Dilma defenderá ações anticrise no Fórum Social Temático no dia 26

Liderada pela presidenta Dilma Rousseff, a bancada do governo federal participará do Fórum Social Mundial Temático 2012 com três linhas de ação e de discurso político. Vai negociar, tentando ampliar consensos, as propostas que o Brasil levará à Rio+20. Defenderá a posição que o governo adota contra a crise econômica global. E venderá a principal bandeira da gestão atual, o programa de erradicação da miséria.

A atuação de Dilma, que deve estar no Rio Grande do Sul dia 26, e da bancada governista está sendo articulada pela Secretaria Geral da Presidência, principal interlocutora dos movimentos sociais desde a administração Lula.


Apesar de o Fórum ter foco na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o encontro acontece tendo como pano de fundo uma crise econômica internacional e, por isso, a Secretaria acredita que o governo não pode deixar de abordar o assunto. Sobretudo porque o Fórum sempre atrai militantes e ativistas políticos com interesses gerais, não apenas temáticos.


A exemplo do que fizera o padrinho e antecessor em 2008 e 2009, quando explodiu a crise financeira internacional que até hoje produz consequências, Dilma toma decisões de enfrentamento da crise privilegiando a geração de emprego e renda. É uma aposta no mercado de consumo de massa que, há três anos, já se mostrara capaz de proteger o país das turbulências externas.


"Os governos Dilma e Lula partem do pressuposto de que não se pode desestruturar a parcela da população que vive do trabalho para combater os efeitos da desestabilização econômica", diz Diogo de Sant'Ana, assessor especial de Assuntos Internacionais da Secretaria Geral.


A postura brasileira contrasta com as saídas que estão sendo aplicadas no epicentro da crise, a Europa, onde países com problemas na dívida pública se inclinam para soluções ortodoxas - corte de gastos e de direitos trabalhistas, redução de salários.


A política econômica brasileira também deverá ser debatida pela presidenta com chefes de Estado e governo e personalidades internacionais que eventualmente participem do Fórum.


Segundo Sant'Ana, as ações de combate à miséria, incluindo políticas de assistência social como o Bolsa Família e demais ações integradas do programa Brasil Sem Miséria, entram na pauta por se constituírem, muito mais do que programas específicos, em diretrizes estruturantes do governo.


"Queremos defender que não é possível promover o desenvolvimento sustentável sem combater à pobreza e garantir condições de vida dignas à população", acrescenta.


Com os olhos nestes dois pressupostos, o governo debaterá as propostas brasileiras para a Rio+20, buscando aparar as arestas que ainda encontram resistência na sociedade civil organizada. O texto base com as propostas brasileiras foi enviado à Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro, como fizeram todos os países. Mas o documento ainda estará sujeito a negociações até a abertura da Conferência, em junho.


"Nós sabemos que temas polêmicos irão surgir durante o debate, mas todas as conversas que mantivemos com o comitê organizador do evento nos levam a acreditar que será possível construir este consenso", afirma Sant'Ana.


Segundo o diretor de Participação Popular da Secretaria Geral, Pedro Pontual, a expectativa favorável à construção do consenso está embasada no fato de que as propostas que constam no documento oficial do governo brasileiro já vinham sendo largamente discutidas com a sociedade civil.


"No ano passado, o governo participou de um processo de debates que envolveu mais de 70 instituições e redes, convocado justamente para construir este nível de consenso", diz Pontual.

 

Fonte: Najla Passos - Agência Carta Maior
20/01/2012

Contraf-CUT negocia sobre bancos incorporados com BB nesta segunda 

A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomam o debate da mesa específica com o BB nesta segunda-feira (23), em Brasília. Na pauta da reunião estará a saúde e a previdência dos bancários egressos de bancos incorporados pelo BB.

As entidades reivindicam que o BB possibilite o direito dos trabalhadores oriundos do BESC, Nossa Caixa e BEP de se filiarem à Cassi e à Previ. "O movimento sindical cobra a extensão desses direitos. O banco não pode diferenciar seus funcionários. Todos os trabalhadores, incorporados ao quadro do BB, devem ter o mesmo tratamento, com direitos e benefícios iguais", afirma Eduardo Araújo, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, órgão que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco.

Jornada de 6 horas para todos

Durante a retomada dos debates nas mesas temáticas, no último dia 23 de novembro, as entidades sindicais encaminharam propostas relativas à jornada de 6 horas e planos de carreira, além de buscar definir um calendário de debates com encerramento até março de 2012. Na ocasião, o banco se comprometeu em analisar as críticas e ponderações do movimento sindical e apresentar uma solução ao menos parcial sobre jornada de 6 horas.

A Comissão de Empresa apresentou à direção do BB um relatório sobre as ações judiciais movidas em todas as bases sindicais do país, requerendo o pagamento das 7ª e 8ª horas, as de protesto de interrupção de prescrição e as de cumprimento da jornada e seus impactos sobre o passivo trabalhista do banco.

"Fizemos um relato histórico da conquista do direito à jornada especial e as constantes tentativas de descumprimento da lei. Com dados sobre as ações judiciais, expusemos os riscos que o banco sofre ao não resolver a situação e apontamos a necessidade de não se fazer um novo plano de comissões que apresente erros cometidos no passado. A luta pelo cumprimento da jornada de 6 horas no BB avança para um novo estágio. O movimento sindical já explicitou a reivindicação dos trabalhadores e espera uma solução da empresa", ressalta Araújo.

Em setembro do ano passado, na Campanha Nacional dos Bancários, um diretor do BB se comprometeu em resolver o problema da jornada de 6 horas por meio de um comunicado exibido no sistema interno de comunicação do banco. Contudo, na mesa, o banco se recusava a negociar.

Depois das mobilizações ocorridas durante todo o ano de 2011 e com a força da greve, o banco aceitou fazer o debate antes de tomar qualquer decisão.

Em contato com a diretoria do BB, na última semana, a Contraf-CUT e o banco concordaram que, em relação à jornada e PCR, não há mais necessidade de discussões, mas sim de negociações de fato, uma vez que as partes já estão esclarecidas sobre todas as reivindicações e as considerações conceituais.

A Contraf-CUT continua aguardando o posicionamento da direção do BB em relação à 7ª e 8ª horas. À época, o banco informou que estava concluindo estudo sobre o tema. Até agora, nada foi apresentado ou decidido.

"É importante que o banco resolva essa questão o mais rápido possível. A jornada de 6 horas é um direito que precisa ser cumprido pelo BB. Com o apoio dos sindicatos, os bancários não desistirão de lutar por esse direito que já foi conquistado", observa Araújo.

PCR

Os debates com o banco sobre o PCR ficaram em torno das questões como o percentual de interstícios da carreira de antiguidade, a inclusão da pontuação dos caixas e dos congelados (B-0) e a aceleração da progressão na carreira de mérito com alteração no prazo de promoção de cada um dos quatro grupos de pontuação.

A coordenação da Comissão de Empresa solicitou do BB dados detalhados sobre as comissões praticadas e a quantidade de funcionários em cargos de carreira no PCR para subsidiar o movimento sindical nos debates futuros. "Esperamos que na negociação, em data ainda a ser agendada, o banco apresente os dados detalhados para que possamos avançar nos debates", destaca Eduardo Araújo.

A Contraf-CUT solicitou que os representantes do banco façam uma apresentação o mais breve possível sobre o "Novo Sinergia" e as relações com o Banco Postal.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb Brasília

Itaú e Santander empatam nas reclamações do BC

Cada uma das instituições financeiras se alternou na liderança do ranking por seis meses no ano passado
 
São Paulo – A concorrência para saber qual foi o pior banco em 2011, segundo o índice de reclamação do Banco Central, foi acirrada. Itaú e Santander revezaram-se na liderança durante todo o ano passado. Cada banco esteve no topo durante seis meses.

O Itaú foi o pior nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, setembro e dezembro. Já o banco espanhol, foi campeão de queixas em maio, junho, julho, agosto, outubro e novembro.

A disputa para conhecer o pior banco foi tão emocionante que quando um era líder o outro assumia a segunda colocação no ranking, com exceções nos meses de fevereiro, maio, junho, julho e agosto, quando o Banco do Brasil entrou na disputa ao “conquistar” a vice-liderança.

Bradesco, HSBC e Caixa Federal acompanharam a briga dos piores revezando-se entre a terceira e a quinta colocação durante 2011.

De acordo com o BC, as reclamações mais frequentes relacionadas aos serviços bancários foram: débitos não autorizados nas contas correntes, cobrança irregular de serviços não contratados, esclarecimentos incompletos ou incorretos prestados pelas instituições, reclamações e cobranças irregulares de tarifas em cartões de crédito diferenciado.

Carlos Fernandes do Sind. Bancários de São Paulo, Osasco e Região com informações do Banco Central -20/1/2012
20/01/2012

Diretor do Santander para América Latina deixa cargo com pensão milionária

 
O diretor-geral do Santander para a América Latina e integrante do conselho executivo do banco espanhol, Francisco Luzón, deixará o cargo nos próximos dias. Luzón está no Santander desde 1997, liderando os negócios na região, que cresceram e se tornaram a principal fonte de renda da empresa por meio de uma série de aquisições.

"A América Latina contribuiu com 45% do lucro mundial do Santander nos primeiros nove meses de 2011, sendo que o Brasil participou com 25%", destaca o funcionário do Santander e secretário d imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. O balanço anual do banco será divulgado no próximo dia 31.


A saída do executivo foi anunciada na quinta-feira (19) por vários sites de jornais espanhóis. O El País afirmou que a renúncia será aprovada em uma reunião do conselho do banco na próxima semana. O atual número dois do Santander na América Latina, Jesús Zabalza, assumirá o posto, segundo informações da Dow Jones.


Segundo a Europa Press, o executivo deve receber uma pensão acumulada de 55,9 milhões de euros. A esse montante devem ser acrescentados mais 10 milhões de euros a título de "outros seguros". Luzón era o segundo executivo melhor pago do banco, atrás de Alfredo Sáenz.


O anúncio do afastamento de Luzón ocorreu no dia em que a Asociación de la Banca Española (AEB) rompeu negociações com os sindicatos para a renovação do convênio (convenção coletiva) dos bancários.


O secretário-geral da Federação Bancária da CC.OO (Comfia), José María Martínez, reprovou a postura dos bancos espanhóis porque, enquanto "maltratam" a folha de pagamento dos funcionários, tentando impor um "congelamento total" dos salários, pagam indenizações "repugnantes" a seus altos dirigentes.


Para o novo convênio, a proposta patronal prevê dois anos de congelamento e um reajuste de não mais de 1% para os anos de 2013 e 2014.


Os sindicatos espanhóis somente aceitam discutir congelamento do salário que contemple cláusulas de emprego diante das perspectivas de novas fusões no sistema financeiro.


"Não parece coerente a pensão de Luzón", criticou Martinez.


Para o diretor da Contraf-CUT, a política dos banqueiros para os altos escalões é a mesma em todo mundo. "Cortam empregos e atacam salários dos trabalhadores, mas preservam os bônus e as pensões milionárias dos altos executivos. Está na hora de regular o sistema financeiro internacional", defende Ademir.


Fonte: Contraf-CUT com El País, Dow Jones e Europa Press