sexta-feira, 12 de agosto de 2011

BANCÁRIOS DE PORTO ALEGRE APROVAM A MINUTA DE REIVINDICAÇÕES DA CAMPANHA NACIONAL 2011

Os bancários presentes à Assembleia Geral do SindBancários na noite de terça-feira, dia 9, na Casa dos Bancários, aprovaram, por ampla maioria, a pauta de reivindicações da categoria para a Campanha Nacional de 2011.

Esteve na coordenação da Mesa que dirigiu os trabalhos, representando a Articulação Bancária de Porto Alegre, o diretor do SindBancários e da Contraf-CUT Paulo Stekel.

Nesta assembleia contamos também com a presença do assessor do Dieese-RS, Alex Leonardi, que estará dando o suporte técnico na Campanha Nacional.

A minuta apresentada pela Contraf-CUT é fruto de um amplo debate em assembleias, consultas e pesquisas junto à categoria nas bases dos sindicatos, e as propostas destes fóruns encaminhadas às Conferências Estaduais e nos Encontros do Banco do Brasil e da Caixa, reafirmadas no Encontro Nacional da Categoria.

A defesa da aprovação da Minuta de Reivindicações foi realizada pelos companheiros da Articulação Bancária de Porto Alegre Paulo Stekel, Pedro Loss e Lúcio Paz, dando sempre o entendimento de que o debate e a mobilização não podem apenas ser pautados pelo índice, mas sim pelo conjunto de avanços e conquistas previstos na Minuta como:

Aumento real de 5% mais a inflação do período, PLR de três salários mais R$ 4.500; piso do Dieese (R$ 2.293,31 em maio); vales refeição e alimentação de R$ 545, a minuta prevê, ainda, salário de R$ 2.297,51 para o pessoal de escritório, R$ 3.101,64 para caixas, operadores de telemaketing, empregados de tesouraria e os que efetuam pagamentos e recebimentos, R$ 3.905,77 primeiro comissionado, e R$ 5.169,40 ao primeiro gerente. Esses valores correspondem a um índice maior do que os 5% mais a inflação do período.

A entrega da minuta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos está agendada para sexta-feira, dia 12, em São Paulo e deverá ser feita pelo Presidente da Contraf-CUT Carlos Cordeiro e demais lideranças do movimento sindical bancário que compõe o comando nacional dos bancários.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

MOVIMENTO SINDICAL COBRA POSIÇÃO DO HSBC SOBRE ANÚNCIO DE DEMISSÕES

HSBC diz que fará mais contratações e Contraf-CUT cobra fim da rotatividade
 
Na reunião realizada nesta quinta-feira 4 em São Paulo, solicitada pela Contraf-CUT para cobrar explicações sobre o anúncio de demissão de 20% de seus empregados em todo o mundo, a direção do HSBC assegurou que não haverá dispensas no Brasil e que o banco inglês, pelo contrário, está criando novos postos de trabalho no país, onde obteve no primeiro semestre o seu terceiro maior lucro global. Diante desse posicionamento, a Contraf-CUT reivindicou então do HSBC a assinatura
de acordo que ponha fim à rotatividade, um dos itens do emprego decente, tema central da Campanha Nacional dos Bancários de 2011 aprovada na conferência do último fim de semana em São Paulo.


A reunião foi solicitada pela Contraf-CUT, federações e sindicatos depois do anúncio da reestruturação global do banco inglês feito em Londres na segunda-feira 1º de agosto. A direção da empresa informou que essa notícia era resultante de um trabalho interno da direção mundial para definir em quais mercados continuaria atuando e em que áreas de negócio.

Os dirigentes sindicais da Contraf-CUT questionaram os impactos no Brasil dos setores de Auto Finance e Crédito Imobiliário, áreas que seriam atingidas no país segundo informações que chegaram à Contraf-CUT. A direção do HSBC disse que, em relação ao Auto Finance, a carteira não foi vendida ao Banco Panamericano e que continuará atuando no segmento aos seus correntistas. Quanto ao financiamento nas lojas, estava encerrando esse tipo de operação. Com relação ao crédito imobiliário, ficaram de buscar mais dados para informar ao movimento sindical, porque disseram desconhecer quaisquer medidas no setor.

Os representantes do banco inglês reafirmaram o teor da nota oficial do início da semana de que o HSBC abriu 605 novos postos de trabalho no primeiro semestre deste ano e está contratando mil novos gerentes de relacionamento para reforçar sua atuação no varejo brasileiro, onde alcançou US$ 637 milhões, o que é 33% superior ao mesmo período do ano passado e representa o terceiro melhor resultado da empresa dentre os 87 países onde atua.

A Contraf-CUT questionou que, embora o HSBC tenha aberto novas vagas nos primeiros seis meses do ano, ele pratica alta rotatividade de mão de obra - fato sem paralelo em qualquer outro país onde o banco inglês atua, mesmo na América Latina. A confederação apresentou à instituição financeira que uma das principais reivindicações aprovadas pela 13ª Conferência Nacional dos Bancários é a implantação do emprego decente, conceito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que assegura estabilidade no emprego.

"Por que só no Brasil as empresas usam a prática da alta rotatividade como estratégia de redução de custos?", questionou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, durante a reunião, cobrando que o banco realoque os bancários que tiveram suas áreas atingidas pela reestruturação. Os representantes do banco disseram que estão comprometidos no aproveitamento de todos os bancários da área de Auto Finance.

Além do emprego, a Contraf-CUT também apresentou ao HSBC outras questões importantes para os bancários, entre elas o alto índice de adoecimento entre os trabalhadores, principalmente doenças mentais relacionadas às pressões por cumprimento de metas e ao assédio moral. Ficou acertado que esses temas serão discutidos em reunião que será agenda nos próximos dias.

"O fato de o Brasil já contribuir com o terceiro maior resultado global para o banco abre a perspectiva de avançarmos nas negociações para uma maior valorização de todos os bancários no Brasil", afirmou Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT.

Antes da negociação, a Contraf-CUT realizou uma reunião ampliada da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC na última quarta-feira 3, para preparar os debates com o banco. Representando o coletivo de empregados do HSBC do RS, participou da Reunião o Dirigente Sindical do SindBancários Orlando Ribeiro. “As principais reivindicações levadas pelo RS é a falta de um PCS que valorize melhor os funcionários e o fim do assédio moral dentro das unidades, que além de causar o adoecimento dos trabalhadores têm sido o grande motivo dos conflitos dentro do ambiente de trabalho”, afirma Orlando. “Uma outra questão a ser abordada com a direção do HSBC é a uma maior participação do banco nos Planos de Previdência Complementar, seguindo o modelo adotado por outras instituições financeiras, que realizam o aporte não de forma fictícia mas real”, completa Orlando.

No momento temos uma outra grande preocupação que é a manutenção do emprego dos funcionários oriundos do Setor de Compensação (SECOM), extinto pelo novo modelo de compensação de documentos implantado pelo Banco Central. Por mais que a posição do Banco até o momento seja de manter esses funcionários, adaptando-os ao serviço de agência, não temos nenhuma garantia formal do cumprimento desta posição”, completa Jorge Lucas, também Dirigente Sindical do SindBancários, funcionário do Secom POA.

Para Lúcio Paz, da Direção Executiva do SindBancários e membro da COE HSBC, “o sucesso de todas estas demandas dependerá da organização efetiva do conjunto dos dirigentes do HSBC nas negociações com o banco. Após a Campanha Nacional precisamos, de forma articulada, demonstrar toda a força dos trabalhadores do HSBC para avançarmos na pauta específica de reivindicações, que inclui além de temas como ampliação da Bolsa Educacional, discutir a melhor distribuição dos Planos de Participação nos Lucros, que a alguns vem apresentando divergências na questão do repasse para os empregados.”

FONTE: Contraf-CUT
EDIÇÃO: Jorge Lucas (ARTBAN POA)

ASSÉDIO MORAL: UMA EPIDEMIA.

Cinco caixas de antidepressivos por mês e uma tentativa de suicídio. Essa é a realidade do supervisor Wagner Araújo, 33, há dois anos, depois de sofrer ataque nervoso no banco em que trabalha. Desde 2009, ele está afastado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Além da pressão por metas, Araújo conta que era chamado de Gardenal (remédio psiquiátrico) por colegas. "Os chefes gritavam comigo, e eu perdia o controle emocional."
Na capital paulista e em Osasco, 42% dos bancários dizem ter sido vítimas de assédio moral, indica pesquisa do sindicato da categoria com 818 profissionais, obtida com exclusividade pela Folha.
Em nível nacional, o problema atinge 66% dos bancários, segundo consulta a 27.644 trabalhadores feita em 2011 pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
"As principais queixas são cobrança abusiva, humilhação e falta de reconhecimento", lista Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. A entidade fechou parceria com bancos no início do ano para criar canal de denúncias de assédio moral.
Segundo Magnus Apostólico, diretor da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as queixas recebidas serão utilizadas para "melhorar as relações de trabalho".
No TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho), o total de ações por assédio caiu 3,6% no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010. Uma razão é a capacitação de gestores. Até junho, 22.739 processos tramitavam em primeira instância.
HUMILHAÇÃO
Receber medalhas na festa de confraternização da empresa é, na maioria das vezes, motivo de orgulho. Para Vivian Nascimento, 27, o prêmio significou o contrário.
Nova em uma multinacional do setor de informática, a analista de suporte foi classificada pelos colegas como uma das piores funcionárias do departamento. Tudo com o aval dos chefes diretos.
Na festa de fim de ano de 2008 -na qual não foi porque estava de plantão-, recorda ela, foi organizada cerimônia com entrega de faixas e medalhas aos primeiros colocados em cada categoria.
"Fui nomeada uma das funcionárias mais desesperadas, perdidas e sem noção da equipe", conta ela. Nascimento foi demitida dois anos depois da "premiação", em um corte de funcionários, e entrou com processo contra a empresa por assédio moral.
Com a chegada da geração Y (nascidos entre 1978 e 2000) nas empresas e a maior competitividade entre companhias, casos como o de Nascimento são cada vez mais comuns, apontam especialistas.
"Os jovens são intolerantes em relação a problemas no trabalho", argumenta Roberto Heloani, professor de psicologia do trabalho da Fundação Getulio Vargas. "Além disso, são cada vez mais cobrados por resultados."
A luta contra o tempo, afirma o professor, é um dos fatores responsáveis pelo assédio moral do chefe com seus funcionários. "Como muitos [desses gestores] são jovens, o assédio vem de formas diferentes, como brincadeiras ofensivas e boicote de trabalho [o empregado é excluído de projetos, por exemplo]."
Ser humilhado pelo chefe, no entanto, não é situação exclusiva no escopo do assédio moral no trabalho, destaca o advogado trabalhista Alexandre Lindoso. "Hoje os próprios colegas são responsáveis pela humilhação."
O motivo, explica, é o aquecimento do mercado, que aumenta a empregabilidade, mas incentiva o "espírito competitivo dos profissionais". Casos de assédio moral horizontal -quando o agressor não é chefe da vítima- já são reconhecidos pela Justiça. "Se o problema ocorreu embaixo do guarda-chuva da empresa, ela é a responsável", esclarece Lindoso.
Terezinha Rodrigues, 53, foi alvo dos dois tipos de assédio moral: foi humilhada por superiores e colegas. Contratada para atuar como auxiliar de codificação em um órgão público -como comissionada-, foi obrigada a trabalhar com malote e como auxiliar de portaria.
FONTE: Folha de São Paulo
POR: Patrícia Basílio