terça-feira, 24 de julho de 2012

24/07/2012

Emprego no setor bancário é 70% do total há duas décadas, aponta Dieese


O total de 508 mil empregos existentes hoje no setor bancário brasileiro, embora tenha crescido ao longo de toda a última década, representa apenas 69,4% do que o setor tinha em 1990. Os dados fazem parte de um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), durante a 14ª Conferência Nacional dos Bancários, encerrada no domingo (22) em Curitiba.

Em 1990, havia 732 mil bancários no país. Esse total caiu 46,3% até 1999, quando chegou a 393 mil vagas - uma redução de 339 mil postos de trabalho. Após uma oscilação positiva em 2000, o número voltou, em 2001, ao mesmo patamar de 393 mil vagas. "Durante a década de 1990, esse estoque [de empregos nos bancos] teve queda, especialmente devido ao processo de reestruturação produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira no período", diz o estudo do Dieese.

De 2002 a 2011, por dez anos consecutivos, o total de empregos em bancos apresentou um crescimento contínuo. As 508 mil vagas, registradas no final do primeiro trimestre, representam uma recuperação de 115 mil postos de trabalho em relação a 2001, um crescimento de 29,3% ao longo de pouco mais de uma década.

"A queda do número de empregos bancários, na década de 90, deve-se, principalmente, ao processo de terceirização de serviços, como os de tecnologia e vigilância, uma forma que os bancos encontraram para reduzir custos", disse à Agência Brasil o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro. "Já a recuperação de parte dos postos de trabalho nos últimos anos deve-se também à pressão da sociedade, porque os clientes se deparam com poucos bancários nas agências."

Na última sexta-feira (20), o Dieese divulgou balanço segundo o qual o ritmo de abertura de vagas caiu 83,3% nos primeiros três meses de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a março deste ano, o saldo positivo foi 1.144 vagas.

"Os postos criados este ano foram resultado da contratação de novos bancários pela Caixa Econômica Federal, que abriu 1.396 novos postos", afirma o Dieese. "Sem essa participação, o saldo do emprego bancário no período [primeiro trimestre de 2012] teria sido negativo."

Campanha Nacional 2012

Mais de 600 bancários, que participaram como delegados da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, aprovaram no domingo a pauta de reivindicações deste ano da categoria, que possui uma convenção coletiva de trabalho de alcance nacional. A data-base dos bancários é 1º de setembro.

Entre as principais reivindicações da categoria estão reajuste salarial de 10,25%, o que inclui 5% de aumento real, fim da rotatividade e da terceirização, piso de R$ 2,4 mil, mais contratações, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, mais participação nos lucros e mais segurança nas agências e postos de atendimento.

Nos últimos oito anos, os bancários obtiveram 13,9% de aumento real. Apesar disso, a média salarial da categoria cresceu apenas 3,6% no mesmo período, de R$ 4,2 mil, em 2004, para R$ 4,4 mil, em 2011. A categoria culpa a rotatividade por esses números. Os bancos, segundo os bancários, estariam trocando profissionais com salários mais altos por novos empregados com menor remuneração. Entre 2004 e 2011, o lucro dos maiores bancos subiu de R$ 23,3 bilhões para R$ 53,4 bilhões.

Negociações

A categoria entregará sua pauta de reivindicações no próximo dia 1º de agosto para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), braço sindical da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A primeira reunião de negociação está marcada para os dias 7 e 8 do mesmo mês.

"Nossa expectativa é a de que os bancos apresentem uma proposta satisfatória, já que a rentabilidade anual do setor é 23% sobre o patrimônio, o que significa dizer que os bancos dobram de tamanho a cada três anos", diz Cordeiro.

Perguntado se há perspectiva de greve da categoria para este ano, o presidente da Contraf afirmou que o calendário ainda não prevê paralisações. "Teremos agora um processo de negociação e vamos mobilizar a categoria. Só iremos falar em greve se não houver proposta patronal ou então se ela for insatisfatória", disse Cordeiro.


Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 23 de julho de 2012

22/07/2012

Bancários querem reajuste de 10,25%, PLR e piso maiores e mais empregos

 
Crédito: Leandro Taques - Contraf-CUT

Leandro Taques - Contraf-CUT Participaram da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em Curitiba, 672 delegados e observadores de todo o país

Rede de Comunicação dos Bancários


Os 629 delegados (428 homens e 201mulheres) e 43 observadores de todo o país que participaram da 14ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em Curitiba, aprovaram na plenária final deste domingo 22 a pauta de reivindicações da Campanha 2012, que inclui reajuste de 10,25% (inflação mais 5% de aumento real), piso igual ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416), PLR equivalente a três salários mais R$ 4.961,25 fixos, além de mais contratações e fim da rotatividade, fim das metas abusivas e combate ao assédio moral. Os delegados também aprovaram como bandeira política a construção de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, na qual a sociedade possa discutir e definir qual o papel que os bancos devem desempenhar no país.


A pauta de reivindicações será entregue à Fenaban no dia 1º de agosto. E já estão marcadas as duas primeiras rodadas de negociação, nos dias 7 e 8 e 15 e 16.


A Conferência também decidiu intensificar a luta pelo cumprimento da jornada de 6 horas para todos , pela contratação da remuneração total do bancário e pela ampliação da campanha pela inclusão bancária, que assegure prestação de todos os serviços financeiros a toda a população, realizada em agências e PABs por profissionais bancários, de forma a garantir atendimento de qualidade, respeitando as normas de segurança e protegendo o sigilo bancário.


O coroamento de um processo democrático de discussão


A 14ª Conferência, que começou na sexta-feira 20, foi o ponto culminante de um processo de participação e democracia da categoria em todo o país, que passou por assembleias, consultas dos sindicatos junto às suas bases, encontros estaduais e conferências regionais. "Esse é um processo que coroa o movimento que teve início lá atrás", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Segundo Cordeiro, "entramos agora na fase das mobilizações que tratarão não apenas da remuneração e do emprego, mas também dos demais eixos que compõem a minuta aprovada neste domingo. Estamos com a categoria bastante mobilizada para termos sucesso em todas as nossas reivindicações".

"No dia 1º de agosto vamos entregar a pauta de reivindicações aos bancos e esperamos que os banqueiros estabeleçam um processo de negociação sério conosco. Debatemos e deliberamos nossas propostas de forma democrática. Vamos levar a negociação para além de aspectos econômicos, abordaremos temas caros aos bancários como saúde do trabalhador e segurança bancária", aponta Ivone Maria da Silva, secretária-geral da Contraf-CUT.


"Esta Conferência Nacional, resultado de um amplo e democrático processo de debates, atende a expectativa dos bancários de todo o país e aproxima ainda mais o movimento sindical da realidade cotidiana da categoria, da vida do bancário em seu local de trabalho e consolida a nossa unidade", afirma Carlos de Souza, vice-presidente da Contraf-CUT.


As principais reivindicações


* Reajuste salarial de 10,25%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação projetada de 4,97%.


* PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.


* Piso da categoria equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416,38).


* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.


* Auxílio-educação para graduação e pós-graduação.


* Auxílio-refeição e vale-alimentação, cada um igual ao salário mínimo nacional (R$ 622,00).


* Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e ampliação da inclusão bancária.


* Cumprimento da jornada de 6 horas para todos.


* Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários.


* Mais segurança nas agências e postos bancários.


* Previdência complementar para todos os trabalhadores.


* Contratação total da remuneração, o que inclui a parte variável da remuneração.


* Igualdade de oportunidades.


"É um marco para o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região a realização da 14ª Conferência Nacional em nossa cidade. Nossa avaliação é que o encontro foi muito positivo, não só pelos debates das demandas dos bancários, mas também pelas discussões políticas que tivemos. Uma novidade é que neste ano terminamos a Conferência com a data de entrega da minuta para a Fenaban já marcada, e também com duas rodadas de negociação já agendadas. Esperamos manter a unidade da categoria e que neste ano a adesão dos trabalhadores seja ainda maior, para conquistarmos cada vez mais", avalia Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.


O presidente da Fetec-CUT-PR, Elias Hennemann Jordão, também elogiou a Conferência. "Mesmo com todas as divergências nos debates promovidos entre todas as delegações, as reivindicações sobre saúde, emprego, remuneração, condições de trabalho e segurança bancária resultaram na minuta aprovada pelos delegados", conclui.