12/04/2012
Bancos criam 23,5 mil empregos em 2011, mas demitem maiores salários
Os bancos criaram 23.599 novos postos de trabalho em 2011, mas
intensificaram a estratégia de reduzir a folha de pagamento por meio da
rotatividade. A prova disso é que o bancário admitido recebeu salário,
em média, 40,87% inferior ao dos trabalhadores desligados - em todos os
setores da economia essa diferença é de 7,1%. O instrumento para
implementar essa política, que diminui o salário dos bancários para
aumentar os lucros dos bancos, foi a demissão sem justa causa, que foi o
motivo de 50,19% do total de 36.371 desligamento no ano.
Os números são da 12ª Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), elaborada
trimestralmente desde 2009 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e Departamento Intersindical de Estudos
e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), com base nos dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e
Emprego.
O levantamento também considera os dados divulgados nos balanços dos
cinco principais bancos (Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa
Econômica Federal e Santander), que revelam o número de funcionários de
cada holding.
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Segundo dados da pesquisa, em 2011, a remuneração média dos admitidos
foi de R$ 2.430,57, e a dos desligados de R$ 4.110,26, uma diferença de
40,87%. No ano anterior, a diferença era de 37,60%. "Isso demonstra o
acirramento da estratégia espúria dos bancos de utilizar a rotatividade
para reduzir a despesa de pessoal", afirma Carlos Cordeiro, presidente
da Contraf-CUT.
"É uma política que prejudica toda a categoria, deixando os bancários
permanentemente em tensão por medo de demissões. Enquanto isso, os cinco
maiores bancos registraram um lucro líquido de R$ 50,7 bilhões, em
2011, número 9,8% maior do que no ano anterior, e aumentaram a
remuneração de seus executivos. É uma situação absurda", sustenta.
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A análise do saldo de empregos por faixa de remuneração reforça essa
visão. O resultado foi positivo apenas para as faixas até três salários
mínimos, enquanto as faixas salariais acima desse patamar apresentaram
saldos negativos. O maior saldo aconteceu na faixa de remuneração entre
dois a três mínimos, que teve crescimento de 30.409 vagas.
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Empregos crescem menos
O saldo de 23.599 novos postos de trabalho representa uma expansão de
4,88% no emprego bancário. No entanto, o número é menor do que os 24.032
empregos criados em 2010, o que significa uma redução de 1,80%. Além
disso, na comparação com o saldo de 1.944.560 vagas criadas em todos os
setores da economia em 2011, os bancos contribuíram com apenas 1,21% do
total.
"O setor de maior lucratividade da economia, exceto Vale e Petrobras,
não pode ter uma contribuição tão pequena para a geração de empregos e o
desenvolvimento do país", destaca Cordeiro. "É uma distorção ainda mais
profunda ao olharmos o Itaú, que obteve em 2011 um lucro líquido de R$
14,62 bilhões, o maior da história do sistema financeiro nacional, mas
fechou 4.058 vagas. Não podemos aceitar essa falta de compromisso dos
bancos com a sociedade brasileira", completa.
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Os dois maiores bancos privados do país apresentaram tendências opostas
em relação ao emprego em 2011. Enquanto o Bradesco liderou a criação de
novas vagas, com 9.436 empregos de saldo, o Itaú foi a única entre as
cinco mais instituições financeiras a fechar postos de trabalho.
Segundo análise do Dieese, o crescimento do Bradesco é resultado de um
grande investimento na abertura de novas agências, estratégia adotada
após a perda da licitação do Banco Postal para o Banco do Brasil. No
caso do Itaú, segundo o relatório de administração da empresa, as
demissões foram resultado da reestruturação na área de crédito, com a
intenção de passar as atribuições para "parceiros varejistas", ou seja,
terceirizar as atividades do setor com o fim de enxugar a estrutura do
banco e reduzir custos.
Itaú fecha 4.058 empregos em 2011
Estoque de funcionários e saldo de emprego nos cinco maiores bancos do país
Brasil - Janeiro a Dezembro de 2011
Banco
|
Dezembro
|
Variação
|
2010
|
2011
|
relativa
|
absoluta
|
Banco do Brasil
|
109.026
|
113.810
|
4,39%
|
4.784
|
Caixa Econômica Federal
|
83.185
|
85.633
|
2,94%
|
2.448
|
Bradesco
|
95.248
|
104.684
|
9,91%
|
9.436
|
Itaú Unibanco
|
102.316
|
98.258
|
-3,97%
|
-4.058
|
Santander
|
54.406
|
54.602
|
0,36%
|
196
|
Total
|
444.181
|
456.987
|
2,88%
|
12.806
|
Fonte: Balanços dos Bancos
Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
Para Carlos Cordeiro, a questão do emprego é fundamental para os
bancários e para toda a sociedade. "É um dos temas que queremos discutir
em uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro. Queremos que os
bancos assumam suas responsabilidades perante o povo brasileiro, e isso
inclui a promoção do emprego decente para garantir melhores condições de
trabalho e qualidade de atendimento", conclui.
Fonte: Contraf-CUT