quarta-feira, 8 de agosto de 2012

06/08/2012

Geração de empregos nos bancos cai 80,40% no primeiro semestre de 2012

 
Os bancos geraram 2.350 novos empregos no primeiro semestre de 2012, o que representa um recuo de 80,40% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram criadas 11.978 vagas.

A queda do emprego ocorreu em função do saldo negativo em 1.209 postos de trabalho nos bancos múltiplos com carteira comercial, atividade que engloba grandes instituições financeiras como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Já a Caixa Econômica Federal abriu 3.492 empregos, o que evitou que o setor apresentasse desempenho negativo.


Esses dados são da 14ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada trimestralmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.


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A abertura de 2.350 vagas no primeiro semestre representa uma expansão de apenas 0,46% no emprego bancário. Além disso, na comparação com o saldo de 1.047.914 empregos gerados em todos os setores da economia na primeira metade do ano, os bancos contribuíram com apenas 0,22% do total.


"O setor de maior lucratividade da economia brasileira não pode ter uma contribuição tão ínfima para a geração de empregos", critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. "Não podemos aceitar essa falta de responsabilidade social dos bancos com o crescimento econômico e o desenvolvimento do país."


Alta rotatividade reduz massa salarial


A pesquisa mostra que entre janeiro e junho os bancos contrataram 23.336 empregados e desligaram 20.986. Já a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.708,70 e a dos desligados de R$ 4.193,22, o que representa uma diferença de 35,40%. Na economia brasileira como um todo, a diferença entre a média salarial dos contratados é 7% inferior à média salarial dos demitidos.


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"Essa alta rotatividade nos bancos é uma jabuticaba, na medida em que só existe no Brasil, sendo utilizada para travar a expansão da massa salarial e aumentar ainda mais os lucros", denuncia Cordeiro.


Nas campanhas nacionais realizadas entre 2004 e 2011, os bancários conquistaram aumentos reais de 13,9% nos salários e 31,7% nos pisos salariais na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). "No entanto, com o efeito da rotatividade, o impacto dos ganhos foi drasticamente reduzido pelos bancos e o aumento real médio ficou em torno de 3,6%, prejudicando a melhoria da renda dos bancários e favorecendo o crescimento dos lucros das instituições financeiras", destaca o presidente da Contraf-CUT.


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A rotatividade no setor bancário tem sido um pouco superior a 7% ao ano. Embora essa taxa seja inferior àquela observada no conjunto dos setores econômicos, o efeito geral sobre a remuneração dos bancários é maior, dado que a diferença de remuneração existente entre o trabalhador desligado e o admitido é próxima de 38%, enquanto que no conjunto dos setores é de apenas 7%.

Rotatividade e Diferença de Remuneração
Brasil - 2010
 
Taxa de Rotatividade
Diferença de Remuneração  Admitidos e Desligados
Todos os setores
36,0%
-7%
Setor Bancário
7,4%
-38%
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).
Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.


Através da substituição anual de 7,4% dos bancários, por outros com remuneração 38% inferior, conforme dados da RAIS de 2010, os bancos reduzem os impactos dos ganhos conquistados pelos bancários nas campanhas nacionais.


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"A rotatividade é uma política extremamente danosa à categoria porque, além de rebaixar a média salarial, deixa os bancários permanentemente em tensão por medo de demissões", acrescenta. "Isso é uma violência contra os trabalhadores. O sistema financeiro não enfrenta nenhuma dificuldade no Brasil. Pelo contrário, só os cinco maiores lucraram R$ 50,7 bilhões no ano passado. E três deles (Itaú, Bradesco e Santander), que já divulgaram os balanços do primeiro semestre, obtiveram lucros de R$ 16 bilhões", aponta o dirigente da Contraf-CUT.


Mulheres entram e saem ganhando menos


Os dados do Caged mostram também que os homens foram maioria tanto entre admitidos quanto entre desligados no primeiro semestre, assim como ingressaram e saíram recebendo salários maiores do que as mulheres. Eles entraram com uma renda média de R$ 3.087,69 enquanto elas ficaram com R$ 2.311,14. Eles foram desligados ganhando em média R$ 4.848,99 e elas, R$ 3.477,45.


"Essa diferença de remuneração revela que as mulheres continuam sendo discriminadas nos bancos, o que reforça a luta dos bancários por igualdade de oportunidades e de tratamento", avalia Cordeiro.

Admitidos, desligados e remuneração média por sexo
 janeiro a junho de 2012
Gênero
Admitidos
Desligados
Saldo
Diferença da Rem. Média (%)
Nº de trabalhadores
Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Nº de trabalhadores
Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Masculino
11.947
51,2%
3.087,69
10.952
52,2%
4.848,99
 995
-36,32%
Feminino
11.389
48,8%
2.311,14
10.034
47,8%
3.477,45
 1.355
-33,54%
Total
23.336
100,0%
2.708,70
20.986
100,0%
4.193,22
 2.350
-35,40%

Fonte: MTE. Caged
Elaboração: DIEESE - Rede Bancário


Bancos contratam jovens e desligam experientes


O levantamento revela também que os bancos contratam, sobretudo, jovens. As faixas etárias com saldo positivo de emprego são as que reúnem trabalhadores com até 29 anos, com destaque para a referente a pessoas com idade entre 18 e 24 anos, para a qual o resultado foi positivo em 6.288 postos. Para trabalhadores a partir de 30 anos, o saldo de empregos torna-se negativo para todas as faixas etárias.


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Formação profissional não garante emprego


Em relação à escolaridade, a pesquisa aponta que os maiores saldos de emprego se referem aos trabalhadores com ensino médio completo e com superior incompleto. Para trabalhadores com ensino superior completo foram fechados 3.242 postos de trabalho.


O elevado saldo positivo observado para escolaridade ensino médio completo é, provavelmente, reflexo da concentração da geração de empregos na Caixa.


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"Esses números revelam que ter curso superior completo e mesmo pós-graduação não garante emprego no sistema financeiro, o que mostra que o banco não olha para a formação profissional de seus trabalhadores, mas sim para a remuneração e a folha de pagamento, na lógica perversa de reduzir custos para turbinar ainda mais os lucros", observa indignado o presidente da Contraf-CUT.


Recuperação lenta do emprego bancário


Desde 2001 o setor bancário apresenta contínuo crescimento de empregos, passando de 392 mil para 509 mil em junho de 2012. Durante a década de 1990, esse estoque teve queda de 46%, especialmente, devido ao processo de reestruturação produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira no período. É possível, portanto, caracterizar a última década como um período de recuperação de postos de trabalho.


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"Apesar da redução do PIB e das turbulências internacionais no primeiro semestre, nada justifica o freio do sistema financeiro brasileiro na geração de empregos, uma vez que os bancos permanecem lucrando muito", salienta o presidente da Contraf-CUT.


Conforme mostram os Relatórios de Administração dos bancos que já publicaram balanços do primeiro semestre, o setor continua apresentando trajetória positiva em todos os seus indicadores, excetuando-se os de emprego. Além disso, mesmo ao se observar a redução da geração de empregos em todos os setores da economia - incluindo setores mais sensíveis à baixa expansão do PIB como serviços e construção civil -, nota-se que a redução do crescimento foi menos acentuada do que no sistema financeiro.


"Os bancos possuem uma enorme dívida social com o emprego no Brasil. O atual número de postos de trabalho é insuficiente para melhorar as condições de trabalho dos bancários e garantir atendimento de qualidade para a população. Além disso, a rotatividade é um truque injustificável e perverso para a economia, uma vez que retira o emprego de trabalhadores, onera os cofres públicos com a elevação do seguro-desemprego e não contribui para o desenvolvimento sustentável do país com distribuição da renda e inclusão social", conclui Cordeiro.



Fonte: Contraf-CUT
06/08/2012

Geração de empregos nos bancos cai 80,40% no primeiro semestre de 2012

 
Os bancos geraram 2.350 novos empregos no primeiro semestre de 2012, o que representa um recuo de 80,40% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram criadas 11.978 vagas.

A queda do emprego ocorreu em função do saldo negativo em 1.209 postos de trabalho nos bancos múltiplos com carteira comercial, atividade que engloba grandes instituições financeiras como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Já a Caixa Econômica Federal abriu 3.492 empregos, o que evitou que o setor apresentasse desempenho negativo.


Esses dados são da 14ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada trimestralmente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.


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A abertura de 2.350 vagas no primeiro semestre representa uma expansão de apenas 0,46% no emprego bancário. Além disso, na comparação com o saldo de 1.047.914 empregos gerados em todos os setores da economia na primeira metade do ano, os bancos contribuíram com apenas 0,22% do total.


"O setor de maior lucratividade da economia brasileira não pode ter uma contribuição tão ínfima para a geração de empregos", critica o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. "Não podemos aceitar essa falta de responsabilidade social dos bancos com o crescimento econômico e o desenvolvimento do país."


Alta rotatividade reduz massa salarial


A pesquisa mostra que entre janeiro e junho os bancos contrataram 23.336 empregados e desligaram 20.986. Já a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.708,70 e a dos desligados de R$ 4.193,22, o que representa uma diferença de 35,40%. Na economia brasileira como um todo, a diferença entre a média salarial dos contratados é 7% inferior à média salarial dos demitidos.


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"Essa alta rotatividade nos bancos é uma jabuticaba, na medida em que só existe no Brasil, sendo utilizada para travar a expansão da massa salarial e aumentar ainda mais os lucros", denuncia Cordeiro.


Nas campanhas nacionais realizadas entre 2004 e 2011, os bancários conquistaram aumentos reais de 13,9% nos salários e 31,7% nos pisos salariais na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). "No entanto, com o efeito da rotatividade, o impacto dos ganhos foi drasticamente reduzido pelos bancos e o aumento real médio ficou em torno de 3,6%, prejudicando a melhoria da renda dos bancários e favorecendo o crescimento dos lucros das instituições financeiras", destaca o presidente da Contraf-CUT.


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A rotatividade no setor bancário tem sido um pouco superior a 7% ao ano. Embora essa taxa seja inferior àquela observada no conjunto dos setores econômicos, o efeito geral sobre a remuneração dos bancários é maior, dado que a diferença de remuneração existente entre o trabalhador desligado e o admitido é próxima de 38%, enquanto que no conjunto dos setores é de apenas 7%.

Rotatividade e Diferença de Remuneração
Brasil - 2010
 
Taxa de Rotatividade
Diferença de Remuneração  Admitidos e Desligados
Todos os setores
36,0%
-7%
Setor Bancário
7,4%
-38%
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).
Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.


Através da substituição anual de 7,4% dos bancários, por outros com remuneração 38% inferior, conforme dados da RAIS de 2010, os bancos reduzem os impactos dos ganhos conquistados pelos bancários nas campanhas nacionais.


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"A rotatividade é uma política extremamente danosa à categoria porque, além de rebaixar a média salarial, deixa os bancários permanentemente em tensão por medo de demissões", acrescenta. "Isso é uma violência contra os trabalhadores. O sistema financeiro não enfrenta nenhuma dificuldade no Brasil. Pelo contrário, só os cinco maiores lucraram R$ 50,7 bilhões no ano passado. E três deles (Itaú, Bradesco e Santander), que já divulgaram os balanços do primeiro semestre, obtiveram lucros de R$ 16 bilhões", aponta o dirigente da Contraf-CUT.


Mulheres entram e saem ganhando menos


Os dados do Caged mostram também que os homens foram maioria tanto entre admitidos quanto entre desligados no primeiro semestre, assim como ingressaram e saíram recebendo salários maiores do que as mulheres. Eles entraram com uma renda média de R$ 3.087,69 enquanto elas ficaram com R$ 2.311,14. Eles foram desligados ganhando em média R$ 4.848,99 e elas, R$ 3.477,45.


"Essa diferença de remuneração revela que as mulheres continuam sendo discriminadas nos bancos, o que reforça a luta dos bancários por igualdade de oportunidades e de tratamento", avalia Cordeiro.

Admitidos, desligados e remuneração média por sexo
 janeiro a junho de 2012
Gênero
Admitidos
Desligados
Saldo
Diferença da Rem. Média (%)
Nº de trabalhadores
Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Nº de trabalhadores
Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Masculino
11.947
51,2%
3.087,69
10.952
52,2%
4.848,99
 995
-36,32%
Feminino
11.389
48,8%
2.311,14
10.034
47,8%
3.477,45
 1.355
-33,54%
Total
23.336
100,0%
2.708,70
20.986
100,0%
4.193,22
 2.350
-35,40%

Fonte: MTE. Caged
Elaboração: DIEESE - Rede Bancário


Bancos contratam jovens e desligam experientes


O levantamento revela também que os bancos contratam, sobretudo, jovens. As faixas etárias com saldo positivo de emprego são as que reúnem trabalhadores com até 29 anos, com destaque para a referente a pessoas com idade entre 18 e 24 anos, para a qual o resultado foi positivo em 6.288 postos. Para trabalhadores a partir de 30 anos, o saldo de empregos torna-se negativo para todas as faixas etárias.


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Formação profissional não garante emprego


Em relação à escolaridade, a pesquisa aponta que os maiores saldos de emprego se referem aos trabalhadores com ensino médio completo e com superior incompleto. Para trabalhadores com ensino superior completo foram fechados 3.242 postos de trabalho.


O elevado saldo positivo observado para escolaridade ensino médio completo é, provavelmente, reflexo da concentração da geração de empregos na Caixa.


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"Esses números revelam que ter curso superior completo e mesmo pós-graduação não garante emprego no sistema financeiro, o que mostra que o banco não olha para a formação profissional de seus trabalhadores, mas sim para a remuneração e a folha de pagamento, na lógica perversa de reduzir custos para turbinar ainda mais os lucros", observa indignado o presidente da Contraf-CUT.


Recuperação lenta do emprego bancário


Desde 2001 o setor bancário apresenta contínuo crescimento de empregos, passando de 392 mil para 509 mil em junho de 2012. Durante a década de 1990, esse estoque teve queda de 46%, especialmente, devido ao processo de reestruturação produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira no período. É possível, portanto, caracterizar a última década como um período de recuperação de postos de trabalho.


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"Apesar da redução do PIB e das turbulências internacionais no primeiro semestre, nada justifica o freio do sistema financeiro brasileiro na geração de empregos, uma vez que os bancos permanecem lucrando muito", salienta o presidente da Contraf-CUT.


Conforme mostram os Relatórios de Administração dos bancos que já publicaram balanços do primeiro semestre, o setor continua apresentando trajetória positiva em todos os seus indicadores, excetuando-se os de emprego. Além disso, mesmo ao se observar a redução da geração de empregos em todos os setores da economia - incluindo setores mais sensíveis à baixa expansão do PIB como serviços e construção civil -, nota-se que a redução do crescimento foi menos acentuada do que no sistema financeiro.


"Os bancos possuem uma enorme dívida social com o emprego no Brasil. O atual número de postos de trabalho é insuficiente para melhorar as condições de trabalho dos bancários e garantir atendimento de qualidade para a população. Além disso, a rotatividade é um truque injustificável e perverso para a economia, uma vez que retira o emprego de trabalhadores, onera os cofres públicos com a elevação do seguro-desemprego e não contribui para o desenvolvimento sustentável do país com distribuição da renda e inclusão social", conclui Cordeiro.



Fonte: Contraf-CUT