terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Reserva Matemática do Plano 1 da PREVI cresce porque seus compromissos crescem

 

Artigo de José Ricardo Sasseron*
































A afirmativa parece óbvia e é
mesmo. Como o Plano 1 está fechado a novas adesões, o número de aposentados e pensionistas cresce a cada ano enquanto diminui o número de associados na ativa. Ativos só recolhem contribuições, aposentados recebem muito mais do que pagam e pensionistas só recebem, sem contribuir. Ao aposentar, o participante adquire direito a um benefício vitalício e a Previ contabiliza o compromisso correspondente, expresso através da reserva matemática que aumentará até quando todo o pessoal da ativa estiver aposentado. 

Relatórios anuais da Previ mostram: em 2008 o Plano 1 tinha 35.668 associados ativos, 67.494 aposentados e 14.597 pensionistas (ou famílias que recebiam pensão). No terceiro trimestre de 2013 eram 27.203 ativos, 70.891 aposentados e cerca de 16.400 pensionistas. Neste período, a reserva matemática passou de R$ 66,2 bilhões para quase R$ 112 bilhões. 

A reserva quase dobrou, e não foi só pelo aumento do número de aposentados.

Neste período a Previ baixou a taxa de juros atuarial do Plano 1 de 6% para 5% ao ano. Isto porque a Previ projeta, com base em análises e projeções econômicas, que a rentabilidade dos investimentos cairá no futuro – vai render 5% acima da inflação, não os 6% anteriores. Se a taxa de juros cai, parcela menor dos compromissos com os benefícios contratados vai ser coberta pelo retorno das aplicações, e é preciso contabilizar uma reserva matemática maior. A cada 1% de queda na taxa de juros, a reserva sobe cerca de 10%. 

A reserva matemática também cresceu por conta dos aumentos reais de salário conquistados ano a ano pela luta sindical e pela progressão dos associados do Plano 1 na carreira. Salários crescem, os benefícios calculados pela média dos últimos 36 salários crescem, os compromissos da Previ crescem e aumenta a reserva. O pessoal da ativa chega perto da aposentadoria, deixará de contribuir, passará a receber e provoca aumento na reserva. 

A reserva matemática também cresceu pelo aumento da longevidade, fenômeno mundial. Os associados da Previ estão vivendo mais, foi preciso aumentar a expectativa de vida e contabilizar um compromisso maior, pois as pessoas receberão benefícios por mais tempo.

Outro fator que provocou aumento na reserva matemática neste período foi a incorporação definitiva de benefícios como o aumento do teto de 75% para 90% do salário da ativa e os aumentos decorrentes da revisão da proporcionalidade da Parcela Previ. Estes benefícios, negociados em 2007 e pagos de maneira provisória através de fundos previdenciários específicos, foram incorporados definitivamente no regulamento do Plano 1 em 2010.

A redução das contribuições também provoca aumento da reserva matemática, mas isto tinha sido feito em 2006, quando as contribuições caíram 40%. 


Vários fatores levaram ao aumento da reserva. Ao contrário de alguns que se consideram entendidos do assunto e acusam gratuitamente a Previ de errar os cálculos de maneira proposital, eu prefiro avaliar dados e fatos concretos. É sempre importante questionar, perguntar, duvidar. Mas com base em fatos concretos e não de maneira leviana.
Por último, não custa repetir: todo o aumento do compromisso da Previ com os associados foi coberto com recursos do superávit. Na grande maioria dos planos de previdência complementar estas mudanças geram déficit, coberto pelo aumento das contribuições dos participantes e patrocinadores. Em nosso Plano 1, tudo foi coberto com recursos do superávit, sem onerar ninguém. Graças à boa gestão da Previ, mas esta é outra história que vou contar depois.


*José Ricardo Sasseron, ex-diretor de Seguridade da Previ, eleito pelos associados.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

07/11/2013

Contraf-CUT apoia Chapa 130 para o Conselho de Administração da Caixa

 
A Contraf-CUT apoia a candidatura de Fernando Neiva para o Conselho de Administração da Caixa e de Maria Rita Serrano como suplente para as eleições que acontecem entre os dias 11 e 18 de novembro. Eles compõem a Chapa 130. A participação dos trabalhadores na administração da Caixa é uma conquista histórica dos empregados. O voto é secreto, facultativo e será feito por meio eletrônico. Todos os empregados ativos poderão votar.

"Fernando Neiva e Rita Serrano têm uma longa trajetória de luta em defesa dos bancários e dos trabalhadores. Temos certeza de que são a melhor opção e a garantia de uma representação real e qualificada dos empregados na defesa de seus direitos junto à mais alta instância de decisão da Caixa, instituição financeira pública indispensável para o desenvolvimento econômico e social do país", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Fernando Neiva é economista com extensão em Agenda das Políticas Públicas: Tendências Contemporâneas e pós-graduação em Políticas Públicas, Estratégia de Gestão. Atualmente, cursa Direito. Ingressou na Caixa em 1989 e integrou as diretorias do Sindicato dos Bancários de BH e Região a partir de 1996, tendo sido presidente entre 1999 e 2008. Atualmente, é diretor do Departamento Jurídico da entidade. Foi também membro do Conselho Fiscal da APCEF/MG, diretor da Fenae e da CUT Nacional.

Maria Rita Serrano é mestre em Administração, em História e em Estudos Sociais. É empregada da Caixa desde 1989. Foi vice-prefeita de Rio Grande da Serra (SP) e respondeu durante o mandato pela Secretaria de Cidadania do município. É autora do livro O desenvolvimento socioeconômico de Rio Grande da Serra. Foi secretária de Finanças da Fetec/SP, integrou por duas gestões o Comitê de Investimento da Funcef e participou da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) entre 2003 e 2009. Presidiu o Sindicato dos Bancários do ABC entre 2006 e 2012. É diretora do Sindicato e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC.


Fonte: Contraf-CUT

segunda-feira, 10 de junho de 2013

07/06/2013

Veja os deputados da CCJC da Câmara e proteste contra o PL 4330

 
A Contraf-CUT orienta bancários e entidades sindicais a enviar mensagens de protesto aos deputados que integram a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara Federal contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 4330/2004. O PL que escancara a terceirização e precariza o emprego está na pauta de votação da reunião ordinária da CCJC, que ocorre na próxima terça-feira (11), às 14h30, em Brasília.

O projeto, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) e piorado pelo relator, deputado Artur Maia (PMDB-BA), prevê a regulamentação do trabalho terceirizado até mesmo nas atividades-fim, mediante contratação de empresas especializadas, exceto nos correspondentes bancários.

Além do envio de mensagens via cartas, e-mails e telefone, a Contraf-CUT convoca sindicatos e federações a enviarem delegações a Brasília. A concentração ocorre na sede da CUT Nacional, a partir das 13h, seguindo para a CCJC, que se reúne no Anexo II, no Plenário 1 da Câmara.

Clique aqui para contatar os deputados da CCJC.

Veja quem são os deputados da CCJC:

Presidente: Décio Lima - PT/SC
1º Vice-Presidente: Mauro Benevides - PMDB/CE
2º Vice-Presidente: Luiz Carlos - PSDB/AP
3º Vice-Presidente: Carlos Bezerra - PMDB/MT

Titulares

PT
Alessandro Molon - PT/RJ
Cândido Vaccarezza - PT/SP
Décio Lima - PT/SC
Iriny Lopes - PT/ES
João Paulo Cunha - PT/SP
João Paulo Lima - PT/PE
José Genoíno - PT/SP
José Mentor - PT/SP
Luiz Couto - PT/PB
Odair Cunha - PT/MG
Ricardo Berzoini - PT/SP
Taumaturgo Lima - PT/AC
Vicente Candido - PT/SP

PMDB
Alceu Moreira - PMDB/RS
Arthur Oliveira Maia - PMDB/BA
Carlos Bezerra - PMDB/MT
Benjamin Maranhão - PMDB/PB
Danilo Forte - PMDB/CE
Eduardo Cunha - PMDB/RJ
Fabio Trad - PMDB/MS
Leonardo Picciani - PMDB/RJ
Marcelo Almeida - PMDB/PR
Mauro Benevides - PMDB/CE
Osmar Serraglio - PMDB/PR

PSDB
Bonifácio de Andrada - PSDB/MG
Cesar Colnago - PSDB/ES
João Campos - PSDB/GO
Jutahy Junior - PSDB/BA
Luiz Carlos - PSDB/AP
William Dib - PSDB/SP

PSD
Eduardo Sciarra - PSD/PR
Heuler Cruvinel - PSD/GO
Onofre Santo Agostini - PSD/SC
Paulo Magalhães - PSD/BA
Sergio Zveiter - PSD/RJ

PP
Esperidião Amin - PP/SC
Paulo Maluf - PP/SP
Renato Andrade - PP/MG
Vilson Covatti - PP/RS

PR
Jorginho Mello - PR/SC
Ronaldo Fonseca - PR/DF
Vicente Arruda - PR/CE

PSB
Beto Albuquerque - PSB/RS
Edson Silva - PSB/CE
Márcio França - PSB/SP
Sandra Rosado - PSB/RN
Valtenir Pereira - PSB/MT

DEM
Felipe Maia - DEM/RN
Luiz de Deus - DEM/BA
Mendonça Prado - DEM/SE

PDT
Félix Mendonça Júnior - PDT/BA
Marcos Medrado - PDT/BA
Marcos Rogério - PDT/RO
Vieira da Cunha - PDT/RS

PTB
Arnaldo Faria de Sá - PTB/SP
Paes Landim - PTB/PI

Bloco PV, PPS
Fábio Ramalho - PV/MG
Roberto Freire - PPS/SP

PSC
Andre Moura - PSC/SE
Leonardo Gadelha - PSC/PB

PCdoB
Delegado Protógenes - PCdoB/SP

PRB
Antonio Bulhões - PRB/SP

PTdoB
Lourival Mendes - PTdoB/MA

PSL
Dr. Grilo - PSL/MG

Suplentes

PT
Artur Bruno - PT/CE
Fátima Bezerra - PT/RN
Gabriel Guimarães - PT/MG
Geraldo Simões - PT/BA
José Guimarães - PT/CE
Márcio Macêdo - PT/SE
Miguel Corrêa - PT/MG
Nazareno Fonteles - PT/PI
Paulo Teixeira - PT/SP
Rogério Carvalho - PT/SE
Zezéu Ribeiro - PT/BA

PMDB
Alberto Filho - PMDB/MA
Francisco Escórcio - PMDB/MA
João Magalhães - PMDB/MG
Júnior Coimbra - PMDB/TO
Marçal Filho - PMDB/MS
Mauro Lopes - PMDB/MG
Mendes Ribeiro Filho - PMDB/RS
Renan Filho - PMDB/AL
Sandro Mabel - PMDB/GO

PSDB
Bruno Araújo - PSDB/PE
Carlos Sampaio - PSDB/SP
Dudimar Paxiuba - PSDB/PA
Eduardo Azeredo - PSDB/MG
Nelson Marchezan Junior - PSDB/RS
Reinaldo Azambuja - PSDB/MS
Ricardo Tripoli - PSDB/SP

PSD
Ademir Camilo - PSD/MG
Armando Vergílio - PSD/GO
João Lyra - PSD/AL
José Nunes - PSD/BA
Moreira Mendes - PSD/RO
Silas Câmara - PSD/AM
Walter Tosta - PSD/MG

PP
Beto Mansur - PP/SP
Dilceu Sperafico - PP/PR
Sandes Júnior - PP/GO

PR
Anthony Garotinho - PR/RJ
Davi Alves Silva Júnior - PR/MA
Gorete Pereira - PR/CE
Jaime Martins - PR/MG
Laercio Oliveira - PR/SE
Lincoln Portela - PR/MG
Luciano Castro - PR/RR

PSB
Gonzaga Patriota - PSB/PE
Janete Capiberibe - PSB/AP
Jose Stédile - PSB/RS
Luiza Erundina - PSB/SP

DEM
Alexandre Leite - DEM/SP
Efraim Filho - DEM/PB
Eli Correa Filho - DEM/SP
Mendonça Filho - DEM/PE
Onyx Lorenzoni - DEM/RS

PDT
João Dado - PDT/SP
Oziel Oliveira - PDT/BA
Wolney Queiroz - PDT/PE

Bloco PV, PPS
Sandro Alex - PPS/PR
Sarney Filho - PV/MA

PSC
Hugo Leal - PSC/RJ
Ricardo Arruda - PSC/PR

PCdoB
Assis Melo - PCdoB/RS
Daniel Almeida - PCdoB/BA

PRB
Vilalba - PRB/PE

PSOL
Chico Alencar - PSOL/RJ

PTdoB
Luis Tibé - PTdoB/MG



Fonte: Contraf-CUT com Agência Câmara

sexta-feira, 5 de abril de 2013

04/04/2013

Contraf-CUT critica projeto dos bancos para regulamentar sistema financeiro

Depois de seis anos tramitando no Senado, o projeto de lei complementar substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) que regulamenta o Sistema Financeiro Nacional (SFN), e dentre outras coisas concede "autonomia operacional" ao Banco Central, recebeu parecer favorável e vai entrar na pauta de votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), segundo informou o jornal Valor Econômico na edição de quarta-feira (3).

"Esse é o projeto dos bancos. O parecer favorável faz parte da gigantesca ofensiva em curso promovida pelo mercado financeiro, com forte repercussão na mídia, para pressionar o governo federal a abandonar a política desenvolvimentista e a assumir a agenda neoliberal que, a pretexto de combater a inflação, propõe o aumento dos juros, contenção do consumo e do crédito e demissões de trabalhadores", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


"Esse projeto visa blindar o Banco Central, torná-lo ainda mais independente do governo, aniquilando a transparência. O BC ficaria assim sob controle absoluto dos banqueiros", critica Carlos Cordeiro. "Nós queremos o oposto disso, que é tornar o BC independente do mercado financeiro, transparente e sob controle da sociedade."


Por uma conferência nacional do sistema financeiro


Para o presidente da Contraf-CUT, a ofensiva do mercado financeiro no Congresso e contra a política desenvolvimentista da presidenta Dilma Roussef torna ainda mais urgente a convocação de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro, antiga reivindicação dos bancários e da CUT.


"Os bancos estão claramente chantageando o governo e a população com a campanha maciça por aumento dos juros para conter a ameaça inflacionária. A sociedade brasileira precisa reagir e entrar nesse debate para escolher que tipo de sistema financeiro ela quer para o Brasil. Esse que está aí, que cobra os juros e spreads mais altos do mundo, segura o crédito e marginaliza amplos setores da população, ou um outro que cumpra a função de financiar o desenvolvimento econômico e social do país?", indaga Carlos Cordeiro.


"Por isso, é imprescindível uma Conferência Nacional que discuta o sistema financeiro. A presidenta Dilma já concordou com a defesa dos interesses dos consumidores, incluindo os direitos dos clientes bancários. Consideramos isso muito importante e vamos participar, mas continuamos defendendo um grande debate nacional sobre o papel do sistema financeiro", salienta Cordeiro.


Dois projetos em confronto


O projeto de lei que recebeu parecer favorável na CAE, de autoria do ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), mas bastante modificado pelo relator Dornelles, se aprovado pelo Congresso, regulamentará o Artigo 192 da Constituição e substituirá a Lei 4.595, de dezembro de 1964, que até hoje regula o sistema financeiro.


Ele é frontalmente contrário às propostas que vêm sendo aprovadas pelos bancários em suas conferências nacionais, que visam atualizar o projeto apresentado ao Congresso Nacional na década de 1990 pela então CNB-CUT, antecessora da Contraf-CUT.


O projeto de Dornelles propõe mandatos de seis anos (escalonados) do presidente e dos diretores do Banco Central, que podem ser reconduzidos uma única vez. A demissão do presidente ou dos diretores do BC, pelo presidente da República, terá que ser devidamente justificada e previamente aprovada pelo Senado, em votação secreta.


A demissão dos diretores do BC só poderá ocorrer, segundo o projeto de Dornelles, se houver descumprimento de metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ou por gestão que cause grave prejuízo à economia nacional. O presidente do BC ou os diretores também poderão ser substituídos em caso de renúncia, aposentadoria compulsória ou condenação judicial transitada em julgado.


Os objetivos principais do BC serão, de acordo com o projeto, "a estabilidade de preços e a solidez do sistema financeiro". Está prevista a criação de uma taxa de fiscalização que será recolhida, semestralmente, ao BC pelas instituições sob sua supervisão. Essa taxa será regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O BC será responsável pela execução das políticas monetária e cambial definidas pelo CMN e terá autonomia para escolher os instrumentos de execução dessas políticas.


Cheque em branco


"Avaliamos que definir um mandato de seis anos para os diretores do BC, não coincidindo com o mandato do presidente da República e sem estabelecer atribuições e responsabilidades, é passar um cheque em branco para as instituições financeiras. Hoje, o BC já vem atuando como um sindicato dos bancos, baixando resoluções que somente atendem aos interesses dos banqueiros, como a substituição de agências e postos de serviços por correspondentes bancários, precarizando o atendimento da população", aponta Cordeiro.


"Mais importante", para o presidente da Contraf-CUT, "seria regulamentar o artigo 192 da Constituição, após a Conferência Nacional do Sistema Financeiro, bem como estabelecer que o Banco Central, além das metas de inflação, passe a definir também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país, impulsionado o desenvolvimento do Brasil", conclui o dirigente sindical.


Propostas dos bancários


As propostas dos bancários para regulamentação do Artigo 192 da Constituição defendem um SFN voltado para o desenvolvimento econômico e social do país, democrático e sob o controle da sociedade. Querem, entre outras coisas:


- Ampliação do Conselho Monetário Nacional (CNM), permitindo a participação fiscalizadora da sociedade.


- Democratização e controle social do sistema financeiro.


- Definir mecanismos de política econômica que o BC disporá para cumprir sua missão de controle da inflação.


- Direcionamento de crédito e regulação dos juros para áreas prioritárias.


- Discutir volumes, custos e setores a serem atingidos por operações de crédito obrigatórias.


- Normatizar a atuação dos bancos públicos e privados e orientar a sua atuação para o desenvolvimento econômico e social do país


- Regular as atividades dos bancos estrangeiros para sejam subordinados aos objetivos nacionais.


- Assegurar regras para a supervisão bancária.


- Estabelecer metas sociais e não apenas controle da inflação.



Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Mandato de seis anos para diretores do BC entra em pauta

Por Ribamar Oliveira | De Brasília
José Cruz/ABr - 13/4/2011 / José Cruz/ABr - 13/4/2011 
 
Dornelles: recondução de diretoria do Banco Central será limitada a uma vez
Depois de seis anos tramitando no Senado, o primeiro projeto de lei complementar que regulamenta a estrutura do Sistema Financeiro Nacional (STN) recebeu, finalmente, parecer favorável e entra agora na pauta de votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Se aprovado pelo Congresso, o projeto substituirá a Lei 4.595, de dezembro de 1964, que até hoje regula o funcionamento do sistema financeiro. O relator do projeto é o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que apresentou um substitutivo.
Dornelles propôs, em seu substitutivo, que o presidente e os diretores do Banco Central tenham mandatos de seis anos, podendo ser reconduzidos uma única vez. A demissão do presidente ou dos diretores do BC, pelo presidente da República, terá que ser devidamente justificada e previamente aprovada pelo Senado, em votação secreta.
A demissão só poderá ocorrer se houver descumprimento de metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) ou por gestão conducente a grave prejuízo à economia nacional. O presidente do BC ou os diretores também poderão ser substituídos em caso de renúncia, aposentadoria compulsória ou condenação judicial transitada em julgado.
Os primeiros diretores do BC a serem empossados após a entrada em vigor da lei terão mandatos de um a seis anos, escalonados, de acordo com o projeto. "Assim, haverá constante renovação da diretoria colegiada [do BC] e os mandatos não coincidirão com o do presidente da República, garantindo o objetivo de autonomia operacional da instituição", escreveu o senador do Rio de Janeiro em seu parecer.
Os objetivos principais do Banco Central serão, de acordo com o projeto, a estabilidade de preços e a solidez do sistema financeiro. Está prevista a criação de uma taxa de fiscalização que será recolhida, semestralmente, ao BC pelas instituições sob sua supervisão. Essa taxa será regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O BC será responsável pela execução das políticas monetária e cambial definidas pelo CMN e terá autonomia para escolher os instrumentos de execução dessas políticas.
De acordo com o projeto, caberá ao Conselho Monetário, além de estabelecer as metas das políticas monetária e cambial, regulamentar o controle do risco sistêmico sobre todo o sistema financeiro nacional, que abrange, além dos mercados financeiro e de capitais, os mercados de seguros, capitalização e previdência complementar.
Dornelles diz, em seu parecer, que uma das lições da atual crise financeira internacional é que a supervisão dos sistemas financeiros deve ser feita de forma a considerar os riscos gerados em todos os mercados, ou seja, deve considerar as possibilidades de difusão de risco de um mercado para outro. "A experiência demonstrou que a segregação regulatória entre mercados não é a melhor forma de gerir riscos quando há grande interdependência entre eles", explicou. "É necessário, assim, que haja uma centralização na tarefa de controle do risco no sistema financeiro na sua conceituação mais ampla, que vai além dos limites do mercado financeiro". A proposta prevê que caberá ao BC o monitoramento, a prevenção e o controle do risco sistêmico.
Uma instituição financeira passa a ser a pessoa jurídica cuja atividade principal seja o empréstimo remunerado de recursos monetários captados de terceiros, de acordo com o projeto. Foram classificadas também como instituição financeira as empresas atuantes no mercado de cartões de crédito e de débito, por terem papel relevante tanto na concessão de crédito quanto no sistema de pagamentos. As empresas que atuam na captação de poupança popular, mas que não se enquadram estritamente na definição de instituição financeira, como administradora de consórcio, por exemplo, terão organização e funcionamento regulamentados pelo CMN.
O projeto é de autoria do ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), mas foi bastante modificado por Dornelles, que preferiu um texto mais conciso. O projeto original previa, por exemplo, que o Conselho Monetário Nacional teria participação dos presidentes da comissões econômicas da Câmara e do Senado, sem direito a voto. Isto foi suprimido.
Questionado ontem pelo senador Dornelles sobre o projeto que regulamenta o sistema financeiro, durante audiência pública na CAE, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que está à disposição para contribuir no debate "trazendo um pouco da experiência internacional".

terça-feira, 2 de abril de 2013

Amar os bancos

Por Luiz Gonzaga Belluzzo
Daniel Acker/Bloomberg 
 
Amar os bancos
"Amar os bancos, odiar os banqueiros" é o título do artigo do economista Raghuram Rajan publicado ontem no Valor. Rajan inscreveu seu nome entre os poucos que soaram com antecedência os alarmes da crise. Em 2005, ele apresentou em uma conferência em Jackson Hole o texto "Has Financial Development Made the World Riskier?". Foi açoitado por invectivas e desqualificações, isto é, pelos métodos mais utilizados nos debates contemporâneos, cuide-se de temas econômicos, esportivos, sociais ou políticos. Entre os críticos mais ferozes de suas advertências figurava o expoente dos saberes econômicos Lawrence Summers.
No artigo de ontem, Rajan trata das posições radicalizadas que se digladiam em torno da regulamentação das atividades dos bancos: 1) os críticos recomendam uma forte redução da alavancagem, especialmente no tocante à sustentação de ativos com empréstimos de curto prazo; 2) os banqueiros argumentam que ampliações adicionais na capitalização elevariam as taxas de juro e assim afetariam negativamente a atividade econômica.
A estabilidade da economia monetária depende das complexas relações entre os fundos coletivos administrados pelos comitês privados de avaliação do crédito e da riqueza mobiliária e a capacidade do Estado, mediante as decisões do Banco Central, de orientar as expectativas dos agentes privados empenhados na liça da acumulação de riqueza abstrata. Esses trabalhos do Estado são executados pela política monetária do Banco Central em conjunto com a gestão da dívida pública pelo Tesouro.
Os grandes conglomerados financeiros buscaram escapar das regras prudenciais
No regime de moeda denominada pelo Estado e emitida pelo sistema bancário, a estabilidade da economia não pode ser garantida, como imaginam os partidários da desregulamentação máxima pelos critérios privados, como o demonstra à saciedade a experiência histórica dos sistemas bancários desregulamentados e, na prática, desprovidos de autoridade central pública. A crise de 2007 desvelou as relações carnais entre o dinheiro, as finanças públicas e os mercados financeiros privados no capitalismo contemporâneo.
O moderno sistema de crédito - aí incluído o Banco Central - opera como o espaço em que se explicita a natureza ambígua do dinheiro na economia capitalista: bem público, ou seja, forma social da riqueza e objeto do enriquecimento privado. Os bancos (e, hoje, os demais intermediários financeiros que se abastecem nos mercados monetários) são provedores da infraestrutura do mercado, na medida em que definem as normas de acesso à liquidez, ao crédito e administram o sistema de pagamentos. Tais normas impõem constrangimentos às condições de produção e de concorrência das empresas. Gestores público-privados da forma geral da riqueza, os bancos cuidam de administrar o estado da liquidez e do crédito de acordo com a maior ou menor confiança na possibilidade das empresas e dos governos de controlarem seus balanços.
A propriedade, agora socializada pelo controle do capital líquido (pelos bancos e pela massa de poupadores), reclama a presença de um ente público capaz de garantir, em última instância, as condições monetárias adequadas à reprodução do capital. O Banco Central assume a função de coordenador das expectativas privadas que governam as decisões sobre a posse da riqueza.
O sistema bancário deve assumir as funções e administrar simultaneamente os dois riscos inerentes à economia monetária, o de liquidez e o de pagamento. O sistema bancário, incluído o Banco Central, deve respeitar as regras "convencionadas" que o obrigam a funcionar como redutor de riscos e de incerteza e como gestor dos limites impostos aos produtores e detentores privados de riqueza, enquanto candidatos a acumular riqueza universal.
Por isso, num regime de moeda fiduciária, a prerrogativa de criação de moeda pelos bancos privados está subordinada às regras de capitalização impostas pelas autoridades reguladoras. As exigências de garantias para a "criação" das moedas bancárias de emissão "privada" (mas de aceitação geral) revela o duplo caráter dos bancos na economia capitalista: 1) empresas privadas que visam maximizar a rentabilidade de seu capital num ambiente de concorrência; e 2) instituições responsáveis pela gestão da moeda e do sistema de pagamentos.
Nos anos 2000, no rastro da desregulamentação, a dívida intrafinanceira como proporção do PIB americano cresceu mais rapidamente do que o endividamento das famílias e das empresas. A "endogeinização" da criação monetária mediante a expansão do crédito chegou à perfeição em suas relações com o crescimento do estoque de quase-moedas abrigado nos "money markets" funds. Esses fenômenos correspondem ao "controle privado da riqueza social", fenômeno que se realiza no movimento de expansão do sistema capitalista.
Eliminada a separação de funções entre os bancos comerciais, de investimento, seguradoras e associações encarregadas dos empréstimos hipotecários, os grandes conglomerados financeiros buscaram escapar das regras prudenciais, promovendo o processo de originar e distribuir, impulsionando a securitização dos créditos e a alavancagem das posições financiada nos mercados monetários.
Luiz Gonzaga Belluzzo - ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e escreve mensalmente às terças-feiras. Em 2001, foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX no Biographical Dictionary of Dissenting Economists.