sábado, 14 de maio de 2011

Lucro do HSBC Holding cresce 58%, atinge US$ 4,15 bilhões e bancários cobram valorização

O HSBC Holding anunciou um crescimento de 58% do seu lucro líquido em relação a 2010, passando de US$ 2,63 bilhões para US$ 4,15 bilhões. Com certeza, grande parcela deste lucro deve ser atribuído ao HSBC Brasil, tendo em vista, ainda, o bom momento financeiro dos bancos no país.

A manutenção da política de juros relativamente altos contribui para um mercado favorável para as empresas financeiras. E estes números são claramente comprovados com os resultados obtidos pelo banco no Brasil em 2010. A posição estratégica geográfica do banco tem favorecido uma boa relação financeira internacional, principalmente com os grandes mercados asiáticos, a exemplo da China, possibilitando a captação de investimentos para o Brasil.

O bom momento da economia brasileira e o aumento do emprego formal no país também servem como referência ao crescimento econômico do banco, tendo um aumento considerável nas operações de crédito, depósitos e captação, avançando em diversas áreas de negócios.

Mas todo este crescimento financeiro do HSBC Brasil somente foi possível graças ao empenho e dedicação do seu quadro funcional, que embora tenha sido o grande responsável pelos avanços, vem há muito tempo sofrendo com as questões de assédio moral, disparidades salariais exorbitantes pela falta de um plano de cargos e salários, carência de funcionários nas unidades e, se não bastasse, no ultimo ano os planos de participação dos lucros não foram pagos de forma justa aos funcionários.

"Vamos cobrar nossa parte neste resultado. Questões como o auxílio-educação, mais contratações, fim das metas abusivas, plano de cargos e salários, previdência complementar e a distribuição de lucros de forma justa e linear devem ser melhoradas", destaca o Diretor Jurídico do SindBancários e funcionário do HSBC, Lúcio Paz.

“Precisamos avançar nas questões que envolvem a lucratividade do banco, de forma que os funcionários possam obter o retorno desejado do seu empenho no cumprimento das metas. O banco precisa ampliar e melhorar os benefícios sociais como forma de recompensar os principais atores deste crescimento que são os bancários e bancárias do HSBC”, avalia Jorge Lucas, funcionário do HSBC e diretor do SindBancários.

O movimento sindical tem pautado o banco sobre as questões que afetam os funcionários do HSBC, através negociações com a Contraf-CUT, federações e sindicatos. As propostas de construir o aumento da remuneração dos trabalhadores, envolvendo o pagamento da Participação dos Lucros e Resultados (PLR) e do Programa Próprio de Remuneração (PPR), estão sendo discutidas intensamente com o banco.

Atualmente, o banco inglês compensa o PPR na PLR, diluindo parte do programa próprio em pagamentos mensais. Além disso, 30% do PPR é pago mensalmente pelo cumprimento das metas. Dessa forma, ao final do ano, o bancário recebe somente um valor pequeno de PLR, pois o banco desconta o valor pago do PPR.

Para Lúcio Paz, há espaço para o HSBC investir substancialmente na valorização de seu funcionário. "Os resultados publicados no balanço do banco permitem afirmar que os ingleses encontraram o rumo no país. Nesse sentido, nada mais justo do que melhorar as condições de trabalho dos seus funcionários, melhorando os salários, mas também investindo na educação, formação, segurança e saúde dos bancários. Há muito o que fazer para quem busca, por exemplo, a certificação da SA 8000, e para quem um dia quis ser a melhor empresa do ramo financeiro para se trabalhar”, completa o diretor do SindBancários.

A luta pela proteção aos empregos dos trabalhadores do Setor de Compensação (SECOM), que deverá ser extinto pelo banco por conta da implantação do sistema de digitalização de cheques, também tem sido um forte debate com o HSBC. “Precisamos obter do banco garantias de realocação destes funcionários, que terão papel importantíssimo no processo de transição da nova compensação de cheques dentro das unidades”, ressalta Jorge Lucas, que é funcionário do SECOM de Porto Alegre.

Outra antiga reivindicação é a ampliação da contribuição da patrocinadora para o Fundo de Previdência Complementar dos funcionários do HSBC , a exemplo de modelos praticados por outros bancos, tanto públicos como  privados. A insatisfação dos funcionários com relação ao  Plano de Previdência Complementar, é principalmente porque enquanto outros bancos participam com percentual entre 3% e 4% em média, o HSBC contribui com apenas 0,5%. O HSBC ao adquirir o CCF em julho de 2000, incorporou também a Carteira Previdenciária desta instituição. Em 2001 percebeu a grande vantagem fiscal de estender a Previdência a todos seus funcionários, conforme a legislação brasileira exige, e tem se beneficiado até hoje dessa vantagem fiscal. O fato alarmante comentado pelos funcionários do HSBC, é a distinção praticada com alguns privilegiados da diretoria, que acabam recebendo em seus planos de previdência aportes com percentuais bem generosos, enquanto para a maioria dos funcionários, o banco participa com um valor simbólico de 0,5 %.  Se é para o HSBC contribuir com responsabilidade e seriedade, os números devem expressar  esta verdade através da prática e não apenas no discurso ou em promessas”, avalia Orlando Ribeiro, Diretor do SindBancários e funcionário do banco. “Se foi só para cumprir uma lacuna e uma contribuição simbólica, o objetivo foi alcançado. Porém, não podemos admitir estas práticas e diferenciações no tratamento com os funcionários. Acreditamos que o HSBC está equivocado adotando tal postura, ao não permitir uma Aposentadoria Complementar digna aos seus funcionários. É hora do banco demonstrar sua contribuição social para com os trabalhadores brasileiros”, conclui Orlando.
Matéria: LUCRO DO HSBC HOLDING CRESCE 58%, ATINGE US$ 4,15 BILHÕES E BANCÁRIOS COBRAM VALORIZAÇÃO
Por: Orlando Ribeiro e Jorge Lucas (Articulação Bancária de Porto Alegre)

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