16 de março de 2012 às 14:48
Juvandia Moreira: Cuidado com aquela cesta de tarifas do gerente amigo
Por Luiz Carlos Azenha
Como eu, você vai ao banco. Senta-se diante do gerente amigo. É
convencido de que precisa de uma cesta de tarifas. Seria “mais
econômico”. Você imagina que saiu da conversa com alguma vantagem.
Pode ser, mas frequentemente não é.
Por isso, o Sindicato dos Bancários de São Paulo se juntou ao IDEC, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Ambos pretendem obter dos bancos um compromisso, por escrito, de que não vão mais vender produtos financeiros desnecessários.
A denúncia de Juvandia Moreira, a presidente do Sindicato, é de que
gerentes e funcionários de bancos estão sendo pressionados a vender
serviços a clientes, com o objetivo de cumprir metas estabelecidas por
superiores.
Uma pesquisa feita entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 constatou
que 72% dos caixas e 63% dos gerentes consultados disseram ter sofrido
pressões para cumprir as metas.
Essa pressão pode criar situações constrangedoras naquela relação de
camaradagem com o gerente ou a simpática funcionária do caixa, da qual
você comprou um título de capitalização.
Eles podem ser tentados a vender algo de que você não precisa. E, por conta disso, adoecem:
“A pressão por metas, por exemplo, transformou os bancários numa das
categorias que mais apresentam doenças por esforço repetitivo (as
LER/Dort). Os conflitos éticos, por sua vez, levam a doenças psíquicas,
cardíacas, gástricas, musculares”, disse a médica Maria Maeno, da
Fundacentro, no lançamento da campanha, no seminário Venda Responsável de Produtos, no Dia Mundial do Consumidor.
A pesquisa mais recente promovida pelo Sindicato, sobre a saúde da categoria, revelou números preocupantes.
Segundo o IDEC, o setor bancário encerrou o ano de 2011 na liderança
das reclamações de consumidores. As queixas se relacionam a cobranças
indevidas, débitos não autorizados, taxa de juros, renegociação de
dívidas e venda casada de produtos financeiros.
Um dos objetivos do Sindicato é proibir que os caixas sejam obrigados
a vender produtos financeiros: “O caixa ele tem que atender bem o
cliente, tem que atender rápido, ele tem de se concentrar porque, se
ele errar, vai ter diferença e sai do bolso dele o pagamento dessa
diferença, ele tem o controle de tempo na fila e ainda assim ele tem de
vender o produto. Você acha que ele tem tempo de explicar para o
cliente o que é um título de capitalização, um seguro, uma previdência?
E o cliente compra muitas vezes por amizade, porque está fazendo
empréstimo”, explica Juvandia.
A carta de princípios que o Sindicato e o IDEC querem que os bancos
assinem fala em responsabilidade na venda de produtos financeiros e
“promoção de um assessoramento justo e transparente aos consumidores”.
Ou seja, nada de fazer pressão para que os bancários usem aquele cafezinho para fazer o cliente cair em alguma armadilha.
Enquanto isso não acontece, a Juvandia sugere que você leia as letras
miudinhas, tenha absoluta certeza de que está comprando algo de que
realmente precisa e, caso contrário, reclame.
Sem brigar com o gerente, nem com a caixa.
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